São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Cavallo tenta dar demonstração de força

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, tentou mostrar, ontem, que saiu fortalecido depois da polêmica que causou ao fazer críticas ao que chamou de ``máfias" que atuam nos serviços de correio.
Ontem, Cavallo almoçou com o chefe de gabinete de ministros, Eduardo Bauzá -um de seus adversários no governo.
O almoço ocorreu na Casa Rosada (sede do governo argentino). Foi a segunda tentativa de trégua de Cavallo com Bauzá.
Os dois já haviam conversado por telefone na quinta-feira, logo depois que o ministro da Economia recebeu apoio do presidente Carlos Menem.
Cavallo saiu da reunião sorrindo, mas mostrava sinais de cansaço. Disse que trataram da lei de reforma do ministério -mas não tocaram na divisão da pasta da Economia -uma das tentativas de reduzir seu poder.
``Estamos todos de acordo. Na semana que vem passaremos ao presidente e a todos os ministros o ponto de vista que temos", disse.
Outra vitória de Cavallo foi o anúncio, pelo Congresso Nacional, de que haverá alteração em 39 artigos da lei de privatização do correio argentino, que deve ser votada na próxima semana.
Cavallo insistia na mudança de 31 artigos. Essas alterações permitiriam maior fiscalização do Estado nas correspondências que chegam ao país.
``Já estão levando em conta as mudanças que eu tinha sugerido", afirmou.
Ontem, o Grupo dos Oito, que reúne as maiores entidades empresariais do país, esteve com o presidente Carlos Menem para dar seu apoio à política econômica e ao ministro da Economia.
``A continuidade de Cavallo, neste momento, é conveniente", afirmou Blanco Villegas, presidente da UIA (União Industrial Argentina).
``Acredito que a paz será duradoura", afirmou Julio Gomez, presidente da Abra (Associação de Bancos da República Argentina), referindo-se à permanência de Cavallo no ministério.
A Bolsa de Comércio de Buenos Aires também reagiu com maior tranquilidade. Fechou ontem com queda de 0,42% -uma taxa mais favorável que os 4,81% negativos de quinta-feira.
Na metade da jornada, por volta das 14h, o índice Merval (que mede a variação diária dos negócios) chegou a 1,90% positivos. O volume de negócios durante o dia foi de US$ 23,7 milhões.
Analistas do mercado acionário afirmam que ainda havia incertezas sobre a permanência do ministro. Em Nova York, houve maior otimismo.
Os três bônus Brady argentinos fecharam com cotações que variaram de 1,25% a 1,64% positivos. Na quinta-feira, variaram de -0,27% a -1,98%.
Em plena crise, na quinta-feira, Cavallo havia recebido o respaldo da comunidade internacional.
O presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, teria solicitado informações sobre a permanência do ministro da Economia no governo.
Durante a semana, Michel Camdessus, presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional), comunicou ao governo argentino que o acordo negociado com Cavallo seria aprovado.
Camdessus insistiu para que o Ministério da Economia não fosse dividido.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohl, também havia manifestado seu apoio ao ministro argentino.

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