São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Vício

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Não vou lembrar do nome da música, nem de quem cantava. Mas era a história de um sujeito que caiu na noite, ficou muito louco, fez de tudo e, no dia seguinte, acordou acabado. E assustado, pois percebeu que ainda estava de botas.
Algo do gênero parece ter acontecido com a F-1 neste fim-de-semana em Spa. Depois de tanta movimentação, sua droga preferida perdeu o efeito.
A boataria não acabou. Só que não tem mais graça. Com os principais postos para 96 definidos, a ressaca é visível nos bastidores da categoria.
Se na música restaram as botas para contar a história, na F-1 falta decidir o segundo escalão. Para piorar, existem muito mais candidatos do que vagas.
Berger, Coulthard, Barrichello, Frentzen, entre outros, se estapeiam pelos postos restantes na Ferrari, McLaren e Benetton.
Isso sem falar no professor, que ameaça voltar à ativa defendendo a McLaren. Antes, porém, Prost vai testar e ser testado. E, até lá, parte do mercado terá que esperar.
A volta de Prost, no entanto, é algo sensacional. Mesmo porque, se acontecer, será bem diferente do confuso e fracassado retorno de Nigel Mansell à F-1.
O resto, certamente, dará nos nervos. As especulações, agora, devem ser encaradas com cuidado, já que muito será dito à toa.
Aí vem a pergunta. Não foi assim com Schumacher, Villeneuve, Hill e Alesi? Não. Por exemplo, o presidente da Ferrari, um belo dia, chegou e disse, publicamente, que queria o alemão.
Ao afirmar isso, Luca de Montezemolo sabia muito bem o que estava fazendo. Talvez até já tivesse a assinatura de Schumacher no contrato.
No mínimo, estava com os US$ 25 milhões que Schumacher pediu no bolso. Podia falar para quem quisesse: ``Quero o alemão".
No segundo escalão, porém, nada do que é dito vale a pena ser escrito. As revelações de pilotos e equipes são feitas mais para garantir espaço na mídia.
Para entender o caso: Berger passa as duas últimas semanas duvidando do contrato de Schumacher e torna público seu namoro com a McLaren. Discretamente, chega a apelar para a surrada ameaça de ir para a Indy .
A Ferrari se enche e dá prazo até a próxima terça para o austríaco. Um educado `cale a boca' e se decida de uma vez.
Infelizmente, ninguém escapa à regra. Nem Barrichello.

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