São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995 |
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"Da Lata" exalta o Rio multicultural
LUIZ CAVERSAN
Uma mentirinha no sentido de que não se trata propriamente de um novo som, mas ``o" som de Fernanda que retorna às paradas com embalagens novas. Mas uma grande verdade se você pensar que tudo o que tem criatividade é de alguma forma novo. Fácil colher adjetivos para Fernanda Abreu: do bem, ousada, talentosa, bonita, metida, rainha da dance music nacional. Fernanda funde ritmos, tendências, possibilidades, referenciais estéticos e sonoros. Faz samba-rock-funk ou seja lá o que resulte da apropriação reinterpretativa desses caminhos musiciais. Faz, sem dúvida, música para dançar. Para quem gosta de dançar ou ouvir música dançável. Mas o bacana é que seu ``discurso" não é vazio. Seu referencial basicamente carioca e urbano fala muito intimamente com quem está ligado no que ocorre nesta cidade. O que ocorre de bom, principalmente, porque há sempre uma alegria possível na exaltação das riquezas que submergem da miséria e da confrontação social. Nada mais Rio de Janeiro 1995. Fernanda Abreu faz esta apropriação multicultural do Rio-todas-as-zonas sempre a partir da zona sul, sem que isso permita o surgimento de preconceito. Seu atual passeio musical parte do suíngue da escola de samba, passa pela pista de dança, por Caetano Veloso, tem referências de Cassiano e até reverencia a Bossa Nova. Sem conflitos, ao contrário. Mas o que mais chama a atenção é a sonoridade do batuque -o som da lata?-, da bateria reciclada, do que faz esta gente, bronzeada ou não, mostrar seu valor e chacoalhar os ossos. Não passa em branco também o fato de haver ``proposta" neste seu novo trabalho. Tudo é pensado, do encadeamento das músicas e do sampler à escolha do cenário e da roupa. Vai fazer sucesso e isso será natural. Disco: Da Lata Artista: Fernanda Abreu Lançamento: EMI Preço: R$ 20 Texto Anterior: Grupo holandês se apresenta no Masp Próximo Texto: Salão de Humor faz centro de documentação Índice |
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