São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ativista quer processar governo chinês

DE WASHINGTON

O ativista político Harry Wu acusou ontem o governo da China de ter montado um caso ``todo de mentiras" contra ele.
Wu, 58, cidadão norte-americano naturalizado, foi condenado a 15 anos de prisão por espionagem e expulso da China anteontem.
Ele disse ontem em sua casa na Califórnia (Costa Oeste dos EUA) que ``continuará lutando" e pretende processar o governo chinês.
Segundo Wu, a China violou acordo diplomático que tem com os EUA, segundo o qual cidadãos norte-americanos presos na China têm o direito de receber a visita de um funcionário consular de seu país 48 horas após a detenção.
Além disso, Wu disse que foi impedido de tomar remédios levados a ele por diplomatas dos EUA.
Wu afirmou permanecer 24 horas por dia numa sala com três policiais, da qual só saía por 20 minutos, durante as manhãs.
``A indignidade final foi quando os policiais me tomaram US$ 1.000, momentos antes de eu embarcar", disse o ativista. O pretexto seria a eventual necessidade de ter que comprar uma passagem de outra empresa aérea, caso ele perdesse o vôo da Air China.
Para Wu, sua liberação mostra ``como é poderosa a pressão dos EUA e a pressão do mundo".
No início deste mês, o secretário de Estado dos EUA, Warren Cristopher, disse a seu colega chinês, Quian Qichen, que a detenção de Wu impedia a melhoria das relações entre os dois países.
Apesar dos esforços do governo norte-americano para libertá-lo, Wu ouvia outra história dos guardas que o vigiavam: de que os EUA não estavam fazendo nenhum movimento a seu favor.
Eles também diziam a Wu que, mesmo se os EUA fizessem pressão, elas de nada serviriam.
Eles citavam como exemplo o fato de que o governo de Cingapura se rendeu aos EUA no caso do rapaz condenado a levar chibatadas, no ano passado.
Na ocasião, o número de chibatas foi reduzido a pedido das autoridades americanas.
Na sua avaliação, o governo chinês só tinha duas alternativas no caso dele: ou libertá-lo ou destruí-lo totalmente.
harry Wu passou 19 anos em campos de trabalhos forçados na China, por causa de sua militância em defesa dos direitos humanos antes de emigrar para os EUA, onde se tornou cidadão em 1985.
A partir de 1991, ele realizou diversas viagens clandestinas à China para documentar abusos do sistema penitenciário chinês.

Texto Anterior: Reunião em Pequim terá participação de Hillary
Próximo Texto: China expulsa 2 jornalistas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.