São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Oxigênio para o contribuinte

A idéia dos secretários estaduais paulistas Fábio Feldmann (Meio Ambiente) e David Zylberstajn (Energia) de criar um novo ``imposto ambiental" sobre veículos automotores para subsidiar a energia elétrica utilizada pelos trólebus é, apesar de toda a seriedade com que o meio ambiente deve ser tratado, a repetição de um dos piores e mais perniciosos vícios da administração pública brasileira.
Mesmo considerando que os veículos em geral respondem por cerca de 90% da poluição atmosférica na cidade de São Paulo, e que os trólebus não emitem poluentes, parece absurdo recorrer à velha prática de, a cada novo problema identificado, criar um novo imposto para combatê-lo, no mais das vezes sem resultados efetivos.
Ainda que a proposta não encontrasse óbices legais, ela permaneceria inoportuna. A carga tributária cobrada aos brasileiros que pagam seus impostos já é altíssima, cabendo portanto ao governo trabalhar em duas frentes: o combate à evasão e o bom gerenciamento dos recursos de que dispõe.
Qualquer brasileiro que já tenha observado o funcionamento de um órgão público, não importa qual nem em que esfera, sabe que lá reinam o desperdício, o corporativismo tolerante, o empreguismo e coisas ainda bem piores.
Não há a menor dúvida de que algo deve ser feito para melhorar a qualidade do ar, mas esse imperativo não pode, uma vez mais, onerar o contribuinte. Um pouco de criatividade e capacidade de gerir recursos poderiam muito bem resultar em outros bons projetos para o controle da poluição.

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