São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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O general e a história

O general Luciano Phaelante Casales, comandante militar do Planalto, ameaçou de viva voz atear fogo aos arquivos do Estado sobre a guerrilha do Araguaia que estão em seu poder. O militar recebeu essa documentação, que em tese pertence ao Estado de Goiás, em 1982, ainda durante o ciclo militar, logo que o candidato peemedebista venceu as eleições naquele Estado.
Infelizmente, a humanidade permanece insistindo em ignorar os ensinamentos da história, condenando-se assim a repetir velhos erros que já custaram, custam e custarão muito a todos e cada um individual e coletivamente.
A matéria-prima da história é, como se sabe, observações, testemunhos e, principalmente, registros escritos dos fatos ocorridos no passado. Como qualquer outro processo produtivo, a história não pode ser produzida sem matéria-prima. Perde-se, com isso, o testemunho do passado, a memória, ou seja, a capacidade de reter idéias, informações e conhecimentos, faculdade da qual homem ou sociedade alguma pode abrir mão.
As ameaças do general Phaelante Casales de incendiar os arquivos ou mesmo de não permitir a divulgação de seu conteúdo, além de ilícito tipificado no Código Penal (art. 314), constituem um crime contra a memória nacional.
Para encerrar, uma frase de Ortega y Gasset: ``Necesitamos de la historia íntegra para ver si logramos escapar de ella, no recaer en ella".

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