São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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NA PONTA DO LÁPIS

MARCELO LEITE

Para o leitor não pensar que só a Folha confunde milhões com bilhões, tomo um exemplo de seu concorrente paulista, "O Estado de S.Paulo".
Quase caí duro quando li o título no alto da pág. A-7 de anteontem: "Tribunal de Contas aprova corte de R$ 4 bilhões no próprio orçamento". Antes mesmo de ler o texto da notícia, desconfiei.
Dito e feito. Logo no primeiro período do "lide" (parágrafo de abertura da notícia) a cifra astronômica se esfarinhava. Eram só R$ 4 milhões, mil vezes menos. Diferença pouca, um "b" no lugar de um "m".
Digo sempre a estudantes que jornalistas fazem a confusão porque essas quantias nunca passaram ou passarão por seus bolsos. Eles caem na risada, mas falo sério. Não conheço outra explicação.
Sem conhecimento de experiência, só resta a jornalistas o recurso da comparação.
Por isso, recomendo sempre que decorem algumas cifras conhecidas com diferentes ordens de grandeza: o PIB brasileiro, da ordem de US$ 500 bilhões; a dívida externa, aí por uns US$ 120 bilhões; o preço de um apartamento de alto luxo em São Paulo, que pode chegar a R$ 1 milhão; ou ainda o custo de uma casa popular, normalmente fixado em R$ 15 mil.
É claro que o erro do título do "Estado" não poderia ser evitado com essas medidas de prevenção. No caso, foi miopia mesmo, na hora de copiar.

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