São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Anistia protege os 'criminosos'

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Folha - Na sua opinião, há alguma mudança no governo Fernando Henrique em relação ao tema dos direitos humanos?
José Miguel Vivanco - Ele tem demonstrado uma maior abertura e uma atitude menos defensiva do que administrações anteriores.
Folha - Que comparação o sr. faz entre a questão dos direitos humanos no Brasil e em outros países sul-americanos?
Vivanco -O Brasil é o país que apresenta um quadro mais preocupante, junto com Colômbia e Peru.
Folha - Como o sr. vê o projeto para legalizar as mortes dos desaparecidos políticos?
Vivanco - É um passo importante e muito positivo. Pela primeira vez, o Brasil tenta enfrentar uma realidade que havia tentado ocultar.
Folha - Na sua opinião, o que deve ser feito?
Vivanco - Tem de ser feita uma profunda e exaustiva investigação judicial desses fatos.
Folha - O governo e os militares argumentam que a Lei de Anistia prescreveu os crimes.
Vivanco - A Lei de Anistia é desgraçadamente uma realidade. É uma lei injusta que viola as obrigações internacionais de direitos humanos. Mas não pode impedir as investigações judiciais.
Folha - A Lei de Anistia não se sobrepõe a normas de direito internacional?
Vivanco - São obrigações jurídicas do Brasil, que ratificou uma série de tratados internacionais em matéria de direitos humanos.
O mais importante deles é a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 1992, e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas.
O mínimo que se pode fazer são investigações para saber o paradeiro das pessoas desaparecidas. A anistia protege os criminosos.

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