São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Darcy Ribeiro estréia coluna na Folha

DA REDAÇÃO

Antropólogo, ensaísta, romancista e senador, Darcy Ribeiro, 72, estréia amanhã como colunista da Folha.
Vai escrever às segundas-feiras, na página 1-2, ocupando espaço que desde junho de 1989 era do sociólogo Florestan Fernandes, morto no dia 10 passado.
Autor de livros como ``O Povo Brasileiro" (95), ``O Mulo" (81), ``Maíra" (76) e ``O Processo Civilizatório" (68), Darcy Ribeiro aceitou pela primeira vez colaborar de forma semanal e permanente para um jornal.
``Já havia recebido diversos convites, mas nunca havia aceitado. Os textos para jornal têm uma urgência que não combina com os textos de escritor", afirma.
``Mas a idéia da produção semanal de uma crônica me excitou muito. Permite que certas pequenas vivências sejam comunicadas", acrescenta.
Em sua primeira coluna, Darcy pretende abordar sua relação com Florestan Fernandes. Estudaram juntos em 1940 em São Paulo. ``Florestan se preparou para fazer antropologia da melhor qualidade, estudando os textos originais dos índios tupinambás. Eu me preparei para fazer antropologia estudando os riscos da observação direta. Nós dois fizemos carreiras paralelas", declara o senador.

Currículo
Darcy é senador pelo PDT-RJ, foi duas vezes ministro (Educação e Gabinete Civil, nos governos Juscelino Kubitschek e João Goulart, respectivamente), vice-governador e secretário de Educação do Estado do Rio.
Em tratamento de um câncer que lhe atingiu a próstata e sofreu metástase (surgimento de focos secundários do tumor), Darcy contrariou os médicos e fugiu da UTI do hospital Samaritano, no Rio, na primeira semana de janeiro para concluir o livro ``O Povo Brasileiro", que havia começado 30 anos antes e por três vezes tentara finalizar.
O livro atingiu em um mês a lista dos dez mais vendidos entre obras de não-ficção, segundo pesquisa do Datafolha.

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