São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Receptores de sangue até 91 podem ter pego hepatite
JAIRO BOUER
O vírus C foi descoberto no final de 1989 e, só a partir de 1991, o teste para sua identificação estava pronto para ser usado de forma rotineira nos bancos de sangue. Antes, os únicos testes disponíveis eram as sorologias que detectavam as hepatites dos tipos A e B. Amadeo Saez Alquezar, superintendente de sorologia e controle de qualidade da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, diz que essas sorologias eram insuficientes para prevenir hepatites ``misteriosas" após as transfusões. Com a descoberta do vírus C, a situação foi revertida. No Brasil, os principais bancos de sangue decidiram, por conta própria, usar o teste para a hepatite C em meados de 91. A portaria do Ministério da Saúde tornando obrigatório esse teste só saiu no final de 1993. Bancos menores continuaram a usar sangue não testado para o vírus C nesse período de dois anos. Como a hepatite do tipo C pode ser uma doença ``silenciosa" durante décadas, muitas pessoas que não sabiam estar contaminadas acabaram doando o seu sangue. Alquezar diz que os métodos indiretos usados nos bancos de sangue (como a dosagem de enzimas hepáticas) conseguiram detectar alterações em cerca de 50% desse sangue. Os outros 50%, no entanto, podem ter transmitido o vírus. Ricardo Tapajós, infectologista do Hospital Albert Einstein, explica que o vírus C é transmitido basicamente pelo sangue (através de transfusões ou de seringas que foram compartilhadas). Segundo Tapajós, a transmissão vertical (de mãe para filho) ou através de relações sexuais é muito menos comum. Ainda não se sabe ao certo qual o tempo de incubação do vírus. A hepatite C tem duas fases distintas. A infecção aguda e a doença crônica. A maioria das pessoas que contrai o vírus C não apresenta nenhum sintoma de hepatite na fase aguda. Outras enfrentam inicialmente os sintomas clássicos de uma hepatite: febre, dor muscular, fadiga, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia e alteração do paladar. Duas semanas depois, esses sintomas diminuem e a pessoa pode ficar com uma coloração amarelada (icterícia), urina mais escura e fezes mais claras. Depois da infecção aguda, o organismo pode eliminar o vírus ou desenvolver uma doença crônica. Na doença crônica, o vírus destrói lentamente as células do fígado. O órgão deixa de produzir fatores de coagulação e proteínas essenciais para o organismo (insuficiência hepática). Texto Anterior: 'Gosto de transar sem tirar a roupa do corpo' Próximo Texto: Engenheiro descobriu por acaso Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |