São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995 |
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Montadoras descartam novas dispensas
ARTHUR PEREIRA FILHO
A Volkswagen e a Fiat, que não dispensaram ninguém nos últimos dias, garantem que não pretendem reduzir seu efetivo. A GM mandou embora 1.134 pessoas segunda-feira e descarta novos cortes. A Ford é um caso à parte. Terça-feira anunciou a demissão de 800 trabalhadores da fábrica de caminhões do Ipiranga. Dois dias depois, após acordo com o sindicato, suspendeu a medida. A empresa, que tem estoque de caminhões suficiente para quatro meses de venda, considera que os cortes são inevitáveis. Na fábrica de automóveis, em São Bernardo, a Ford admite que terá de recorrer a novas férias coletivas a partir de outubro. Diz que, no momento, não prepara demissões. Mas já avisou aos trabalhadores que a reestruturação da fábrica, necessária para produzir o Fiesta em 96, vai exigir corte de pessoal. As montadoras têm avaliações divergentes sobre a natureza da crise atual. Mas concordam que a política anticonsumo é responsável pela queda de vendas e formação de grandes estoques e acreditam que a ampliação dos prazos de crédito pode reverter o quadro. ``Há muito espaço para melhorar à medida que, gradualmente, o governo passe a flexibilizar o crédito", diz José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos da GM. Miguel Jorge, vice-presidente da Volkswagen, afirma que a redução de vendas é um ``problema conjuntural". Segundo ele, não se deve esquecer que são ``três meses de vendas em baixa, após dois anos de recordes". A venda de veículos no país pulou de 740 mil unidades, em 92, para 1,2 milhão, em 94. Célio Batalha, diretor de Assuntos Governamentais da Ford, também responsabiliza o corte no crédito pelo mau desempenho nos últimos meses. ``A dose se mostrou exagerada no setor". Mas a GM diz que há razões estruturais para efetuar demissões nesse momento. ``O mercado se abriu e a competição agora é em nível global. A empresa precisa enxugar sua estrutura", explica Pinheiro Neto. Para a Volks, não é o momento para férias coletivas, demitir pessoal e reduzir drasticamente a produção. Segundo Miguel Jorge, o que está havendo é um ``ajuste do mercado para patamares mais corretos" A Volks, conta Jorge, optou por renegociar com fornecedores, captar recursos no exterior para financiar veículos, reduzir preços e margens de lucro. ``A diminuição de produção foi a mínima possível", diz. Texto Anterior: ABCD perde 3.670 empregos em 25 dias Próximo Texto: Sonegação é pacto político Índice |
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