São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Brasil paga o preço da instabilidade argentina

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A instabilidade política na Argentina está mexendo com o mercado de câmbio no Brasil. Pressiona sobretudo os preços do dólar flutuante. Desde terça-feira passada a alta no flutuante é alimentada pela acentuada procura por dólar na fronteira com a Argentina.
A demanda oscila conforme a intensidade dos boatos sobre uma eventual queda do ministro da Economia daquele país, Domingo Cavallo. A operação de vender dólar cabo ou flutuante na divisa é vantajosa para os bancos.
Na verdade, muitos deles captam moeda no câmbio comercial, cujo pagamento é feito em dois dias úteis depois de efetuado o negócio. Enquanto isso, os reais referentes à operação são remunerados no CDI por 0,16% ao dia, ou 0,32% no período.
Os dólares em espécie que o banco já tinha no caixa são vendidos na fronteira pelo flutuante a um preço maior que o do comercial. O ganho é duplo: no ágio comercial/flutuante e no CDI. Com a vantagem de, em dois dias, o caixa estar recomposto.
A crise argentina não poderia vir em pior hora para os bancos que desejam captar recursos no exterior. Isto porque os investidores internacionais ainda se refazem da crise provocada pelo Econômico, cujos eurobônus colocados no mercado há mais de um ano ninguém sabe ainda quem vai honrar. Para os corretores de bancos estrangeiros, uma possível renúncia de Cavallo atrapalharia ainda mais a colocação de novos títulos latinos.

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