São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Instituto tem 6 projetos diferentes no continente

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolve seis projetos diferentes de pesquisa na Estação Antártica Comandante Ferraz, dentro de sua área básica de atuação, as ciências espaciais e da atmosfera. Cada um tem, no mínimo, dois experimentos.
Além dos estudos da ionosfera, de René Medrano, existem pesquisas em geomagnetismo, coordenadas por José Marques da Costa. Alberto Setzer cuida da meteorologia. Ênio Bueno Pereira estuda a radiatividade atmosférica e aerossóis (partículas suspensas no ar).
Volker Kirchhoff é responsável pelo estudo do ozônio atmosférico e componentes minoritários da atmosfera. Liliana Piazza pesquisa a propagação de ondas de rádio VLF (frequência muito baixa).
O interesse do instituto pela pesquisa antártica surgiu desde o começo do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), durante o verão de 1982 para 1983.
Essa primeira viagem foi feita por pesquisadores a bordo de um navio da Marinha, o Barão de Teffé, e outro da USP, o Prof. W. Besnard. Foi essa missão pioneira que permitiu ao país ser membro pleno, a partir de 83, do Tratado Antártico, que entrou em vigor em 1961, a princípio com apenas doze países signatários.
O tratado é aberto a países que tenham interesse em fazer pesquisa científica na região.
No verão de 83 para 84 foram montados os primeiros módulos da base brasileira, que hoje tem cerca de 60 deles. Ela fica na ilha do Rei George, próxima da península antártica. Em 1986, pela primeira vez, a estação foi ocupada também durante o inverno.
Os primeiros experimentos feitos, já em 82, foram nas áreas de meteorologia e propagação de ondas de rádio VLF. Em 1984 começaram as medidas do ozônio na troposfera (a região mais baixa da atmosfera, abaixo de 16 km).
O ozônio é um gás que, em altitudes elevadas, na estrastofera, bloqueia a passagem para a superfície do planeta de certas radiações ultravioletas nocivas.
Na década de 80 se detectou um ``buraco", uma diminuição na densidade do gás, sobre a Antártida. A causa foi a maior presença de substâncias como os CFCs (clorofluorcarbonetos), cuja utilização tem se tentado diminuir.
Desde então, o estudo da química da atmosfera antártica ganhou em importância -e em urgência. Há cerca de 50 bases de pesquisa de vários países na Antártida.
A maturidade das pesquisas brasileiras na região foi evidenciada, por exemplo, com a 21ª Reunião, em São Paulo, em 1990, do Scar (Comitê Científico para Pesquisa Antártica), o comitê internacional que coordena a pesquisa científica no continente.
Além do Inpe, várias outras instituições de pesquisa brasileiras utilizam a Estação Antártica Comandante Ferraz, com destaque para universidades como a USP (Universidade de São Paulo), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ou a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), por exemplo.
(RBN)

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