São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Cresce apoio a candidatos independentes nos EUA

The Independent
De Londres

RUPERT CORNWELL

O senador democrata Bill Bradley, de Nova Jersey, é uma das figuras mais respeitadas do Congresso, mas mesmo assim é difícil compreender a agitação provocada por seu anúncio na semana passada de que não pretende candidatar-se à reeleição.
Bradley transformou-se num símbolo de duas realidades: a crescente desilusão com a política bipartidária de confronto e a crescente disposição do eleitorado frustrado em buscar candidatos independentes.
Quem queria ouvir retórica de campanha e promessas decididas não se sentiu reconfortado com as declarações de Bradley: "Não sei para onde leva essa estrada", disse, ao mesmo tempo fazendo elogios moderados a Bill Clinton e não excluindo "a possibilidade de uma opção independente".
É provável que Bradley ainda não tenha decidido. Mas poucas vezes na história o campo político nos EUA esteve tão favorável a uma candidatura independente.
Na verdade, ele é apenas o último potencial defensor de uma causa que data pelo menos de 1980, quando John Anderson teve 8% dos votos ao desafiar tanto Ronald Reagan quanto Jimmy Carter.
Desde então, o número de insatisfeitos cresceu, atingindo o ápice nos 19% conquistados três anos atrás por Ross Perot. Se Perot concorresse de novo, ainda teria mais de 15% dos votos.
Pesquisas indicam que o número de eleitores que se considera independente é pelo menos igual ao dos que se qualificam como republicanos ou como democratas, e que até metade dos eleitores veria com bons olhos uma outra opção, se os candidatos forem Clinton e Bob Dole.
O ex-senador democrata de Massachusetts Paul Tsongas, pré-candidato presidencial em 1992, é hoje independente. A coalizão que ele lidera faz campanha por um orçamento equilibrado, e o próprio Tsongas exortou o general Colin Powell a candidatar-se.
Perot cogita concorrer outra vez e Lowell Weicker, ex-senador republicano que foi eleito governador de Connecticut como independente, também pensa nisto.
O general Powell ainda não se decidiu. Ele é frequentemente chamado de "Eisenhower negro" -mas o último militar a tornar-se presidente o fez na condição de republicano, aclamado na convenção do partido e podendo contar com estrutura e recursos.
Se for candidato, é provável que tiraria mais votos de Dole do que de Clinton, de modo que acredita-se que uma possível candidatura de Powell ajudaria Clinton.
Já a candidatura Bradley tiraria votos democratas moderados de Clinton, assim como Jesse Jackson reduziria seus votos entre negros e outras minorias.
Os defensores da causa independente bem que poderiam pensar em juntar Powell e Bradley numa "chapa dos sonhos", com certeza invencível. E será essa idéia um desatino tão grande? Afinal, o senador Bradley admitiu, há duas semanas, ter conversado com o general Powell sobre sua decisão.

Tradução de Clara Allain

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