São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995 |
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Negra divide tempo entre duas militâncias Nilza Iraci Silva faz parte da delegação brasileira FERNANDA SCALZO
Militante do movimento feminista desde 1976, Nilza diz que teve sempre que administrar sua culpa em relação à filha Fabiana, que hoje tem 23 anos. ``Meu dia-a-dia é muito absorvido pela militância. Antes, quando ela era menor, era ainda mais angustiante. Tentava compensar minha falta comprando coisas, como qualquer mãe culpada", conta. Divorciada, Nilza acredita que é ``muito difícil segurar essa onda". ``Em geral a vida afetiva roda nesse contexto de militância", diz. Segundo ela, há poucas mulheres negras e feministas militando ao mesmo tempo pelas duas causas e por isso é tão requisitada. Nilza, que é jornalista, vai participar de seis mesas de debate em Pequim, sempre falando sobre a mulher negra em temas que variam da violência à saúde. Ela trabalha na Geledés desde a fundação, há sete anos, e divide a coordenação da organização com outras quatro conselheiras. O nome da entidade, Geledés, vem de uma sociedade secreta de mulheres que existiu na Nigéria e no começo do século em Salvador para combater o machismo. Segundo Nilza, as mulheres negras ainda têm muito a conquistar mesmo dentro dos movimentos negro e feminista. ``O movimento negro se preocupa com o racismo, mas não prioriza a questão do gênero, e o movimento feminista às vezes esquece o problema racial." Texto Anterior: PÓ-DE-ARROZ Próximo Texto: Feminista se diz sobrecarregada Índice |
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