São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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um extraterrestre no governo

COSETTE ALVES

Seu grande sonho é a melhoria do sistema educacional brasileiro.

Menino do Rio
Gustavo Franco nasceu no Rio de Janeiro. Filho único. Era uma criança introvertida. Teve uma infância calma, quase monótona e não lembra de traumas ou emoção especial. "Uma infância de garoto carioca com os problemas que os meninos urbanos cariocas tiveram", diz.
Família de classe média bem mais para abastada, Gustavo Franco não passou por privações na infância. O pai "nasceu muito pobre no Amazonas" e fez carreira no Banco do Brasil a vida inteira. Chegou a ser chefe de gabinete de dois ministros da Fazenda, mais ou menos depois da Segunda Guerra. Foi secretário particular de Getúlio Vargas. "Foi meu pai quem redigiu o projeto de criação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Quando o Getúlio morreu (1954), foi para a iniciativa privada."
Falando franco
Gustavo Franco falou horas comigo, com franqueza, sobre assuntos variados. A impressão que me passou é que está muito na dele. Tranquilo e sem grilos, não esconde nada. Não falou mais por elegância, e por não gostar de alimentar fofocas.
Sua imagem junto a empresários e acadêmicos é controversa. Tem grandes amigos e grandes inimigos. Mas acho que seu balanço entre afetos e desafetos está equilibrado.
"Tenho uma relação tensa com os hipócritas, que são muitos quando você está no governo. Políticos e pessoas que pedem coisas e quando você diz não e diz o porquê, a pessoa vira seu inimigo para sempre."
Se estivesse se entrevistando, não faria perguntas constrangedoras. Perguntaria todas as coisas para as quais teria respostas magníficas, sobre o Real e tal. Faria a si mesmo uma entrevista muito chapa branca.
Sobre as cotas nas importações, escreveu em jornais de grande circulação e sustentou algumas polêmicas. Suas opiniões são conhecidas e não mudaram um centímetro. "Não é minha função tratar disso. Tenho as minhas idéias que estão consignadas por escrito. Agora, sendo membro de um governo, por definição eu apoio o que está sendo feito." Penso que ele é contra as cotas mas, por elegância, se absteve de opinar.
Abertura
Segundo Gustavo Franco, faltou competência na época de Collor, para fazer a abertura de verdade. Tanto é que as importações não aumentaram. Funcionou em junho de 94, e de uma maneira extraordinária. "Quem se preparou para a abertura viu seus esforços recompensados; quem não, ficou com essa conversa vigarista de defasagem

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