São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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um extraterrestre no governo

COSETTE ALVES

"Materiais a respeito ficavam no quarto subsolo da biblioteca de Harvard, que é também o abrigo nuclear da região. Por meses, nenhuma pessoa passa por aquelas estantes. E eu gastei dois anos da minha vida sentado numa mesinha, e a sensação é que você está fazendo pesquisa sobre o brontossauro. De repente, não só eu volto para o Brasil no meio de 1986, no meio do Plano Cruzado, como, depois de três anos, eu vejo o brontossauro vivo. E não só vejo o brontossauro vivo, como par ticipo da estabilização. As histórias que eu vi nos livros eu passei a vivê-las. E isso foi fascinante."

Fogueira das vaidades
Gustavo Franco me parece ser alguém que tem consciência de que o grande perigo da vida pública é a ilusão do sucesso. Me passou a impressão que seu hábito de mergulhar no mar, aliás um de seus esportes prediletos, o estimula e encoraja a mergulhar fundo e sem medo dentro de si mesmo. Seu universo de introspecção é muito amplo.
"Eu, às vezes, acho que sou absolutamente tolo, porque não sou rancoroso... Qualquer pessoa que participou desse processo da mesma maneira que eu já invoca por si alguma quantidade de inveja: muitos gostariam de ter vivido isso, no lugar hora certos. Depois, a coisa de precocidade também é um problema e gera sempre algum desconforto. Eu lido com pessoas muito mais velhas, e é muito comum sentir nos interlocutores aquele olhar assim: `Quando você nasceu eu já estava no lugar onde estou'. No mundo do `poder', a inveja se transforma em questão pessoal, política, e isso misturado com exposição pública gera um carnaval na imprensa."

Política
Disse que uma pessoa comum que chega a Brasília começa a se impressionar quando chega ao Congresso. Que no Congresso é obrigada a conviver com pessoas que despreza do ponto de vista pessoal, moral e ideológico. E aí tem de se fazer acordos. É o que o Congresso faz com cada

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