São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Anistiado pede 'esquecimento'

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O único guerrilheiro do Brasil que foi condenado à morte, Theodomiro Romeiro dos Santos, 44, considera hoje que o período da luta armada (67-74) deve ser ``esquecido".
``Não ajuda ninguém ficar rebuscando esse passado, revirando essas feridas", disse Santos ontem em Recife (PE), onde mora.
Santos hoje é juiz do Tribunal Regional do Trabalho, em Recife, cargo que ocupa desde março de 1993.
Em 27 de outubro de 1970, quando era militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), ele matou em Salvador o sargento da Aeronáutica Walder Xavier.
Condenado à morte com base na Lei de Segurança Nacional, teve a pena depois mudada para prisão perpétua. Passou nove anos preso. Fugiu em 1979, exilou-se na França e voltou ao Brasil em 1985, anistiado.
Para Santos, a luta armada deve ser esquecida ``não no sentido histórico", mas no sentido de ``permitir uma convivência democrática" entre as forças que dela participaram.
Ele considera que o projeto assinado anteontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, de indenização para parentes dos desaparecidos políticos, é mais um motivo para que o período da luta armada seja esquecido.
Santos não vê necessidade de que sejam apuradas as circunstâncias em que os desaparecidos morreram.
``Todos nós sabemos que eles foram assassinados. O que os parentes querem, parece-me, é na verdade encontrar os restos mortais dos desaparecidos." Segundo ele, ``está havendo, por parte de setores da direita, uma tentativa de politização" do projeto, que não deve ser estimulada pela esquerda.

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