São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995 |
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Governo cede verbas para obter apoio
SÔNIA MOSSRI
O presidente Fernando Henrique Cardoso está solicitando créditos adicionais e novos recursos para emendas de parlamentares visando construir e recuperar rodovias, somando R$ 253,6 milhões ao projeto orçamentário aprovado. Apesar de o governo ter gasto pouco mais de 10% no Orçamento do Ministério dos Transportes, está pedindo cerca de R$ 192 milhões adicionais para atender pleitos dos governadores. O ministro Odacir Klein (Transportes) disse à Folha, por meio da sua assessoria, que as novas verbas seguem recomendação do Palácio do Planalto e do Ministério do Planejamento em relação aos pleitos dos governadores. Já a assessoria do ministro José Serra (Planejamento) afirmou que a suplementação de verbas para rodovias atendeu critérios fixados pelo Ministério dos Transportes. O projeto chegou ao Congresso na semana passada e já provoca polêmica. Os deputados Paulo Bernardo (PT-PR) e Márcio Reinaldo (PP-MG) disseram que a suplementação de verbas na área de transporte deixa claro ``que houve acordo político antes". Cauteloso, o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), disse que estudará se o projeto merece tramitar com urgência-urgentíssima, ou seja, com prioridade de votação. Levantamento realizado por Bernardo revela que as verbas adicionais recriam emendas de parlamentares que foram vetadas por FHC e criam programas novos, que não constam do Orçamento de 95 aprovado pelo Congresso. As verbas beneficiam, entre outros, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), o senador Mauro Benevides (PMDB-CE) e o deputado Edson Andrino (PMDB-SC). Esses parlamentares tiveram suas emendas canceladas ou reduzidas por vetos do presidente. Com as verbas adicionais, suas emendas receberam uma nova injeção de recursos. Já o deputado Márcio Reinaldo diz que ouviu do secretário-executivo do Planejamento, Andrea Calabi, que o pedido de verbas adicionais para rodovias foi negociado previamente com governadores e Congresso. O Ministério do Planejamento nega qualquer acordo político, o que é reconhecido pelo Ministério dos Transportes, conforme a assessoria do ministro Klein. Com exceção do senador Sarney, todas as verbas adicionais foram negociadas diretamente com os governadores, cujo apoio é essencial para aprovar a reforma tributária. Roseana Sarney, governadora do Maranhão pelo PFL, conseguiram o envio de pedido de R$ 32 milhões em verbas adicionais para restauração e construção de rodovias no Estado. Texto Anterior: Outro médico obtém liminar Próximo Texto: FHC tenta influir na comissão Índice |
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