São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Nestlé e Parmalat acirram disputa por mercado do leite

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As duas multinacionais do leite no país, a suíça Nestlé e a italiana Parmalat, disputam uma briga velada pelo mercado de leite.
Nos últimos três anos, a Nestlé aumentou em 1,5% sua capacidade de captar leite. A empresa já é a líder neste mercado bastante pulverizado, com 8% dos 16 bilhões de litros produzidos no Brasil.
"Nossa capacidade permite, inclusive, que passemos a atuar com destaque no mercado de leite longa vida", diz Wilber Marques Antunes, vice-presidente da Nestlé.
A Parmalat, por sua vez, aproveitou os três anos para aumentar sua participação no mercado de longa vida e crescer com a diversificação dos demais segmentos.
Dados da Nielsen (instituto de pesquisa), obtidos no mercado, mostram que a Parmalat já detém 35,4% do consumo de leite longa vida. Em 1993, a participação era de 19,7%.
A posição da Nestlé, segundo a mesma pesquisa, caiu de 3,1% em 93 para 1,2% agora. A empresa comercializa a marca Molico.
Antunes afirma que a Nestlé não atua neste mercado porque não vale a pena na ponta do lápis.
"O mercado de leite longa vida passa por um desvio de preços. É vendido com prejuízo na maioria dos casos", diz.
O vice-presidente da Nestlé calcula que o leite longa vida -que responde hoje por 4% do mercado de leite- só será rentável quando for vendido ao consumidor com preço entre R$ 1 e R$ 1,20. Pesquisa Datafolha mostra que o preço médio do longa vida integral é de R$ 0,88 nos supermercados.
Álvaro Novaes, diretor de marketing da Parmalat, contra-ataca. Mostra outra pesquisa da Nielsen que aponta que o preço médio por litro do longa vida Parmalat foi de US$ 1,04 no bimestre junho e julho, enquanto o leite em pó Ninho, da Nestlé, custava US$ 1,05.
"O mercado de leite é rentável. Sem margem de lucro, nenhuma empresa consegue manter seu ritmo de crescimento e nós estamos crescendo", afirma Novaes.
O longa vida, ao lado do iogurte, é um dos segmentos atualmente considerados emergentes no mercado de leite.
No ano passado, foram consumidos 720 milhões de litros de longa vida, contra 2,05 bilhões de leite pasteurizado (vendido principalmente em sacos plásticos). Os dados são da Associação Brasileira do Leite B.
"O longa vida cresceu muito em 1994 e deve crescer em menor ritmo agora", diz Jorge Rubes, presidente da associação.

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