São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995 |
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Centro em São Paulo usa técnica inédita de vasectomia reversível
AURELIANO BIANCARELLI
Vasectomia é uma cirurgia contraceptiva feita no homem. Por meio de um bloqueio dos canais deferentes (tubos que expelem esperma), os espermatozóides produzidos nos testículos não chegam à uretra (canal que leva o sêmen para fora), evitando a gravidez. A nova técnica utiliza um microcilindro de silicone medicinal pré-moldado para bloquear a passagem dos espermatozóides nos canais. O cilindro mede 1 mm de espessura, tem 2,5 cm de comprimento e pode ser retirado mais tarde com uma cirurgia simples. "Chegamos finalmente a uma vasectomia reversível", disse ontem o andrologista Marcos Paulo de Castro, 54, diretor do Pró-Pater e presidente da Associação Brasileira de Planejamento Familiar. Ele participa em Salvador (BA) do 4º Congresso Norte-Nordeste de Reprodução Humana. Até agora, a vasectomia era feita de duas formas: a tradicional -uma pequena cirurgia que costura os canais deferentes, com reversão quase impossível- e a técnica chinesa, empregada em São Paulo desde 1989. O último método não faz cortes e nem utiliza pontos. Os canais são bloqueados por cauterização. "A cirurgia demora quatro minutos e o paciente pode retomar suas atividades imediatamente", diz Castro. Por essa técnica, o grau de reversibilidade chega a 60%. A cirurgia é complexa e chega a custar R$ 5.000,00. Os outros 40% que tentam a reversão não conseguem obter resultado satisfatório. "O cilindro foi a solução encontrada", afirma o médico. A nova técnica está sendo batizada de DIV, Dispositivo Intravaso. Ela vinha sendo desenvolvida em conjunto pelo Pró-Pater e a universidade Rush Presbyterian, de Chicago (EUA). Segundo Castro, centenas de pacientes já se submeteram ao novo mdétodo em São Paulo e Chicago, mas só alguns decidiram reverter. "Todos os casos tiveram sucesso, mas o número ainda é pequeno para dizer exatamente o índice de reversibilidade da técnica", diz Castro. A nova técnica custa entre R$ 250,00 e R$ 300,00 no Pró-Pater e a reversão, muito mais simples do que na vasectomia tradicional, deverá custar menos de R$ 2.000,00. Segundo dados do Pró-Pater, menos de 1% dos que fazem vasectomia pede para reverter o processo. A maioria dos casos -cerca de 65%- se deve a um novo casamento. Outros porque perderam um filho ou porque se arrependeram. O Pró-Pater vem fazendo cerca de 2.000 vasectomias por mês; 44% dos pacientes são operários, 62% fizeram até 8º série e 11% tem nível universitário. O jornalista Aureliano Biancarelli viajou a Salvador a convite da Johns Hopkins University Center for Communications Programs. Texto Anterior: PM paulista vê falhas em ação Próximo Texto: Congresso discute menopausa Índice |
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