São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PM afasta 2 por tiroteio e morte em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O soldado Hércules Alcântara da Silva e o sargento Cristian Cássio Yagi são os dois primeiros PMs que serão afastados do policiamento por terem se envolvido em um tiroteio com morte.
O programa do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano) que prevê o afastamento de PMs envolvidos em casos violentos começou na segunda-feira.
Ele visa reduzir o número de pessoas mortas pela PM -336 no primeiro semestre. A Rota (tropa de elite) está excluída porque não pertence ao CPM, mas ao Comando de Policiamento de Choque.
Hoje, os dois PMs irão se apresentar no CPM para começar o tratamento psicológico, que durará 15 dias. Em seguida, farão serviço burocrático ou patrulhamento a pé das ruas do centro por seis meses.
Só então, voltarão ao 1º BPM (Batalhão da PM), que patrulha parte da zona sul de São Paulo.
O coronel Coji Yanaguita, 50, comandante dos PMs, esteve ontem com o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva.
O coronel teme que os afastamentos esvaziem o 1º e o 22º batalhões, que "têm um déficit de homens e que poderá se agravar.
Silva e Yagi estavam em um carro do Tático Móvel do 1º BPM com três outros PMs anteontem à noite. Eles receberam, por rádio, a informação do roubo de um Escort no Campo Limpo (zona sul).
Pouco depois, os PMs teriam visto um Escort ano 95, com quatro pessoas, e o seguiram. O Escort fugiu. Na rua Leros, parou.
O eletricista Marcelo Carlos Simoney, 22, que dirigia o carro, e o pintor Daniel Ribeiro Moraes, 19, se entregaram. Os homens que estavam no banco traseiro, conhecidos como Nílson e Ney e que seriam caronas, fugiram correndo.
Silva e Yagi seguiram Nílson, que teria entrado em uma casa e tentado fazer dois reféns. Segundo os PMs, Nílson teria atirado.
Ele foi baleado e morreu. Até ontem, a polícia não sabia seu nome completo. Ney fugiu.
Silva responde a três inquéritos e a um processo por homicídio na Justiça Militar. Em todos, alegou que matou em legítima defesa.
Ele já foi investigado por outros 13 inquéritos (7 por homicídio e 6 por lesões corporais), todos arquivados por falta de provas.
Yagi nunca foi processado pela Justiça Militar. A Folha procurou os PMs no quartel e foi informada que eles estavam de folga.

Texto Anterior: Rodízio começa à 0h nas zonas sul e oeste
Próximo Texto: Seis são presos depois de tentar golpe na CEF
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.