São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Calote atrasa queda dos juros

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O alto índice de inadimplência (atraso no pagamento) está fazendo com que as lojas avaliem com mais rigor a possibilidade de reduzir os juros do crediário, apesar de o governo ter sinalizado a queda das taxas dos títulos públicos na última sexta-feira e reduzido o Imposto sobre Operações Financeiras.
A expectativa da Acrefi, que reúne as financeiras, é que os juros do crediário baixem meio ponto percentual por conta dessas medidas.
"Já detectamos um movimento no sentido de negociar as taxas com os clientes", diz Manoel de Oliveira Franco, presidente da entidade.
Na prática, até ontem, as taxas do crediário não tinham sido alteradas nas lojas.
"A inadimplência alta joga contra a redução dos juros", diz Valdemir Colleone, superintendente da Loja Cem.
Segundo ele, hoje é arriscado colocar dinheiro mais barato no mercado porque a inadimplência continua estabilizada em um patamar elevado.
Na sua loja, por exemplo, atraso no pagamento superior a 30 dias gira em torno de 8% do valor das vendas a prazo. Em abril, o índice era de 5%.
A rede não alterou os juros do crediário de 10% ao mês, em até 12 vezes. Mas a empresa não descarta a possibilidade de baixar os juros, se os concorrentes reduzirem as taxas.
"A tendência é de queda dos juros", diz Marco Antonio de Bello, diretor do Ponto Frio.
A empresa mantém as taxas entre 8% e 14% ao mês, de acordo com o número de prestações do crediário.
Segundo Bello, o aumento no número de demissões na indústria é um fator que as lojas estão levando em conta para reduzir os juros do crediário.
"Com a alta do desemprego, os pagamentos em atraso tendem a não se regularizar."

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