São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Agências sabiam de furacão, dizem turistas

LÚCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os turistas brasileiros que assistiram à passagem do furacão Luis pela ilha de St. Martin (Caribe) acusam as agências de turismo de ter feito a viagem mesmo sabendo da existência do furacão.
Eles pretendem entrar na Justiça com um pedido de indenização por danos morais e materiais. "Se ficar comprovado que a empresa de aviação ou as agências tiveram notícia do furacão antes de sairmos do Brasil, ganhamos a ação", diz o advogado Manoel Sorrilha, um dos turistas, que deverá ser o representante oficial do grupo.
As três operadoras (Mundirama Turismo, CVC Agências de Viagens e Turismo e Dimensão Turismo), responsáveis pelos 219 turistas, admitem que mantêm contato frequente, por telefone, com hotéis e filiais na ilha. Os turistas dizem que, assim que chegaram, foram informados sobre o furacão ainda no aeroporto. "Quando chegamos, todo mundo sabia e os jornais noticiavam. A agência tinha que saber", diz o empresário Jorge Mussi, 46.
As agências negam que soubessem do furacão antes da viagem.
A Skyjet, que freta aviões para fazer o transporte de turistas para St. Martin (Caribe), diz que foi alertada sobre a passagem do furacão por St. Martin só na segunda-feira da semana passada. "Não sabíamos de nada", diz Angelo Mourão, presidente da Skyjet.
Os turistas chegaram a St. Martin no sábado anterior, dia 2. O auge do furacão aconteceu durante todo o dia de terça, dia 5. Pelo menos 15 pessoas morreram. A ilha ficou destruída. Famílias de turistas brasileiros passaram a semana no saguão do hotel Maho Beach e foram obrigadas a racionar comida e água.
A Mundirama divulgou nota ontem afirmando que "jamais colocaria em risco a vida dos passageiros se soubesse o que iria acontecer". A nota não menciona uma possível indenização aos 134 passageiros levados pela operadora. Segundo Dolores Facella, 42, da CVC, a operadora está disposta a conversar com os passageiros sobre um possível ressarcimento dos danos. Eduardo Abreu, 35, gerente de vendas da Dimensão, também diz que a empresa poderá negociar "caso a caso" uma indenização.
Cada turista pagou, em média, cerca de R$ 1.100 pelo pacote, que incluía estadia de oito dias, passagem e, em alguns casos, café da manhã.

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