São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Trabalho sem valor

O paradoxo fundamental da economia contemporânea resume-se a gerar valor sem trabalho.
As economias, tanto no centro quanto na periferia mundial, caracterizam-se por desemprego crescente e expansão irrefreável de massas financeiras incontroláveis.
O quadro é confirmado pelo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre comércio e desenvolvimento para o ano de 1995, que prognostica queda da produção e aumento do desemprego nos países mais desenvolvidos.
A crise mexicana cabe como uma luva nessa análise da ONU e muito provavelmente a influenciou. De fato, apesar de todos os esforços e reformas, o México não engrenou uma rota de crescimento e foi vítima dos capitais especulativos.
O mesmo relatório sugere que EUA e América Latina seriam as regiões mais atingidas pela combinação de queda na produção e inchaço dos fluxos de capitais.
Ou haverá uma crise de proporções planetárias que "queime" uma riqueza em boa parte fictícia, ou surgirão novas formas de trabalho, produção e acesso à riqueza.
Mas nada impede que se vislumbre uma combinação moderada dessas hipóteses nos próximos anos. As profundas mudanças tecnológicas em curso não significam necessariamente o fim do trabalho.
Mais que valor sem trabalho, vemos agora que há muito trabalho sem valor. Haverá futuro para quem alcançar as novas formas de trabalho. Desafio de uma urgência terrível para sociedades iníquas como a brasileira.

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