São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995 |
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Presidente exercita sedução em quatro idiomas na Bélgica
CLÓVIS ROSSI
Começou às 9h30 (4h30 em Brasília) numa exposição para uma comissão do Parlamento Europeu. Perguntou ao espanhol Abel Matutes, presidente da sessão e da Comissão de Relações Exteriores, em que língua deveria falar. Matutes disse que haveria tradução simultânea e poderia, por isso, usar o português. FHC usou. Mas, depois, ouviu três perguntas, a primeira em francês, a segunda em espanhol e, a última, em inglês. E respondeu nessa ordem, primeiro em francês, depois em espanhol e, por fim, em inglês. Não satisfeito, no protocolar cumprimento posterior ao presidente do Parlamento, o alemão Klaus Hansch, arriscou uma ou outra frase em alemão, embora jure que não sabe falar nada desse idioma. Mas o jogo da sedução ficaria ainda mais explícito à tarde, ao se reunir com um grupo de representantes de ONGs (Organizações não-Governamentais). O programa oficial previa que o encontro seria fechado aos jornalistas. A pedido destes, Ana Tavares, assessora de imprensa, foi ao chefe e perguntou: "Você tem peito de enfrentar as ONGs na frente deles (jornalistas)?" FHC topou. Fez bem. Não houve confronto, mas um novo show poliglota, com frases em inglês, francês e espanhol para ONG alguma botar defeito. "Não há nada a esconder", disse para começar. "Uma sociedade democrática, para ser sólida, deve ser baseada na sinceridade" (em francês). Defeito, mesmo, só um ou outro escorregão linguístico. Ensaiou dizer "moyen" (meio) ambiente em francês, até achar a palavra certa (environnement). Disse que o Exército não estava "envolvido" no policiamento (em espanhol, língua em que "envolvido" é "involucrado"). Fechou o dia com um discurso iniciado pouco depois de 21h (16h em Brasília) para o premiê belga, Jean-Luc Dehaene. Em francês, claro. (CR) Texto Anterior: Mercosul e Europa acertam a formação de superbloco Próximo Texto: Tucano faz apelo a ONGs Índice |
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