São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Mercosul e Europa acertam a formação de superbloco

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

Os quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e os 15 da União Européia acertaram ontem, em princípio, que dentro de cinco a seis anos estarão prontos os alicerces para uma associação que, quando pronta, será o maior bloco econômico do planeta.
O prazo foi mencionado, pelo que a Folha apurou, nas negociações entre os representantes dos dois conglomerados, realizada pela manhã.
À tarde, pouco antes de receber do presidente Fernando Henrique Cardoso a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, o espanhol Manuel Marín confirmou que sua expectativa é a de que, ao abrir-se o século 21, União Européia e Mercosul poderão iniciar as negociações para uma área de livre comércio.
Marín é um dos vice-presidentes da Comissão Européia, braço executivo da UE.
No intervalo até o ano 2000 (ou 2001), as relações entre dois blocos serão regidas por um acordo-quadro, jargão diplomático para designar um entendimento que traça linhas gerais, mas não desce a detalhes.
Será o prazo, conforme Marín, para que o Mercosul "se fortaleça internamente" e para que se encontrem soluções para as divergências pendentes.
FHC mencionou duas delas no breve contato com os negociadores: o protecionismo europeu aos produtores agrícolas e o temor dos industriais brasileiros de uma invasão de produtos europeus.
Mas fez questão de acentuar que "não há nenhuma diferença substancial".
Passada a fase de transição, entra-se no período de associação inter-regional, expressão nova do vocabulário diplomático, pela simples razão de que será a primeira do planeta.
É nessa fase que começam a ser reduzidas as tarifas para a importação de bens de um bloco para o outro, até eventualmente zerá-las. Ou seja, cria-se uma ZLC (Zona de Livre Comércio).
O que levou a esse firme namoro transatlântico?
"O Mercosul é um objetivo estratégico para a UE, porque é das raras zonas do mundo em que somos os principais parceiros tanto em comércio como em investimentos", responde Manuel Marín.
Ou, como prefere Jório Dauster, embaixador do Brasil junto à UE: "O Mercosul é 50% da América Latina, tanto em economia como em população".

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