São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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PT vai impor voto pró-Brizola; bancada se rebela

DA AGÊNCIA FOLHA; DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador do Rio Leonel Brizola (PDT) provocou um embate entre a direção nacional do PT e a bancada do partido na Assembléia Legislativa fluminense.
O presidente do PT, José Dirceu, disse ontem, em Porto Alegre, que o Diretório Nacional do partido poderá determinar aos deputados estaduais do partido no Rio a aprovação das contas de 94 do governo Brizola-Nilo Batista.
"Se for necessário o Diretório Nacional tomar uma posição (pela aprovação das contas), nós vamos propor", disse Dirceu. Ele acha, porém, que o diretório não precisará impor à bancada o voto a favor de Brizola.
Os deputados estaduais do PT do Rio avaliam que existem irregularidades na contabilidade do último ano da administração do PDT no Estado, e por isso estão decididos a rejeitá-las.
Se aprovada a rejeição pela Assembléia fluminense, o ex-governador do PDT se tornaria inelegível pelos próximos oito anos.
"Queremos continuar nosso diálogo com o PT do Rio, mas consideramos um equívoco rejeitar as contas, pelo caráter que se deu à discussão", disse José Dirceu. Ele acha que será possível "chegar a um acordo com a bancada. Caso contrário, a direção nacional irá impor sua decisão.
Segundo o presidente nacional do PT, seus deputados devem aprovar as contas com ressalvas a fim de que sejam apuradas eventuais irregularidades em órgãos estaduais na gestão de Brizola.
Dirceu disse que o ex-governador sempre teve uma vida pública honesta e está sendo vítima de uma "artimanha política".
As direções nacionais do PT e do PDT articulam uma atuação conjunta nas eleições municipais de 1996. Brizola ameaçou romper as negociações, caso os petistas do Rio votem contra suas contas.
Pela reação da bancada do PT, Dirceu pode esperar uma rebelião pela frente. "O Lula falou que a direção nacional não vai determinar. Eles podem tomar uma decisão indicativa, mas nós já tomamos uma decisão deliberativa. Aqui mandamos nós porque é o território do Rio de Janeiro", afirmou o líder da bancada na Assembléia, Carlos Minc.
"Acho que, se acontecer uma imposição, só restarão duas saídas: acatar ou deixar o PT. Eu saio", disse a deputada Tânia Rodrigues.
Sua companheira Heloneida Studart declarou que "o centralismo democrático acabou com a queda do muro de Berlim".
Ontem, o deputado José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB) declarou na Comissão de Orçamento da Assembléia, da qual é presidente, que foi chantageado por Wilson Mirza, advogado de Brizola.
O deputado disse ter sido convidado a participar, com seus dois advogados, de uma reunião na casa de Mirza, segunda-feira passada. Este teria prometido "facilidades" no processo que Zito responde por homicídio caso ele mudasse o relatório, sugerindo ao plenário a aprovação das contas de Brizola.
Mirza confirmou a realização da reunião, mas disse que ela foi realizada a pedido de Zito, que teria dito que desejava contratá-lo como advogado.

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