São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Jô teria escolhido vítimas de chacina

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

As vítimas da chacina da ilha do Bororé foram escolhidas quando desciam de dois ônibus usados para levar moradores da favela do Buraco Quente e do Jardim Letícia para o velório de dois parentes de Erenilson Soares, o Jô.
Essa é uma das revelações das quatro mulheres que sobreviveram ao crime. Elas estão sob proteção policial.
Segundo o delegado Carlos Roberto Benito Jorge, o motivo da chacina foram os assassinatos, no Jardim Letícia (zona sul), de José Conegundes de Castro Sobrinho -filho de Jô, o suposto líder do Comando Sul- e de Marcelo Soares de Melo, sobrinho do acusado.
Esses crimes ocorreram dois dias antes da chacina. Os dois teriam sido mortos por traficantes rivais liderados por um homem conhecido por Robocop.
No velório de Castro Sobrinho e de Melo, no Jardim Iporanga (zona sul), as vítimas da chacina teriam sido escolhidas por Jô.
Dez pessoas foram separados e levados para uma casa. Nela, teria havido as sessões de tortura. Jô desconfiaria que as quatro mulheres sobreviventes participaram das mortes de seu filho e seu sobrinho.
As outras seis pessoas -5 homens e 1 mulher- eram acusadas por Jô de não terem socorrido seu filho após ele ser baleado.
Os seis foram postos em uma Kombi, levados para a ilha do Bororé e mortos a tiros. As quatro sobreviventes haviam sido colocadas em Chevette para serem levadas à ilha, onde também seriam mortas.
No caminho, o Chevette quebrou. PMs passavam pelo local e, desconfiados dos homens do Chevette, decidiram abordá-los.
Julimar Saraiva, Milton do Espírito Santo e Josimar de Novaes foram presos. Três das mulheres estavam no porta-malas e a quarta, no banco de trás. Pouco depois, as vítimas da chacina foram achadas na ilha. Ao todo, 15 pessoas são acusadas pela chacina.
(MG)

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