São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Paz é necessária, diz ganense

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A primeira-dama de Gana, Nana Rawlings, tornou-se a porta-voz das africanas na Quarta Conferência Mundial da Mulher.
Ela destaca um dos ingredientes básicos para se melhorar a situação das mulheres em seu continente: a paz, mercadoria escassa atualmente em países como Ruanda, Burundi e Somália.
Mulher do tenente Jerry Rawlings, Nana, 46, é decoradora de interiores e tem quatro filhos. Dirige uma organização não-governamental dedicada a melhorar a situação das mulheres de Gana (África ocidental).
(JS)

Folha - Qual o principal problema da mulher africana?
Nana Rawlings - Primeiro, enfrentamos o colonialismo, depois, veio a luta pela independência, quando algumas mulheres foram para a guerra. Marchamos pelo direito ao voto e contra o apartheid.
Mas ainda hoje há poucos países africanos que permitem a suas mulheres participar do processo de tomada de decisões.
Além disso, as mulheres não querem mais guerras, que elas não provocaram e que matam seus filhos. Sem paz, todos esses belos documentos internacionais não podem ser implementados nem podemos acelerar o desenvolvimento.
Folha - Como é a situação da mulher em Gana?
Rawlings - Desde 1982, estamos nos esforçando para colocar a mulher à frente do nosso processo de desenvolvimento. Mas ao mesmo tempo que procuramos melhorar nossa situação, não nos esquecemos de algumas funções das quais não abrimos mão, tradições que não vamos abandonar. Falo do nosso papel como cônjuge, a tradição africana de cuidarmos da família. Isso é o que realmente nos mantêm unidos, que evita o desmoronamento da sociedade.
Folha - O seu país também enfrenta o problema da circuncisão feminina?
Rawlings - Sim, mas temos uma legislação para isso, com duras punições. Porém, uma das maneiras mais eficientes para se acabar com tal tradição é através de campanhas educativas que estamos fazendo e que começaram antes da adoção das leis punitivas.
Folha - Quais são as medidas para combater a Aids?
Rawlings - Estamos fazendo campanhas para informar as pessoas sobre uso de preservativos. Na TV temos programas educativos todos os dias. Meu filho de oito anos de idade sabe o que é Aids. Só que um dia eu disse a ele para passar a noite com a avó e ele me disse: mas mamãe, e se ela tiver Aids? Ele pensava que Aids era um problema de todas as pessoas mais velhas.
Folha - Qual a estratégia da campanha anti-Aids?
Rawlings - Gana é um país com grande diversidade étnica. Procuramos fazer campanhas em vários dialetos, para garantir que todos entendam a mensagem. E procuramos formas de entretenimento para atrair a atenção das pessoas.

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