São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Banco Central X política

O projeto de aparelhar legalmente o Banco Central para permitir uma ação preventiva mais eficaz contra crises em instituições financeiras pode dar mais estabilidade ao sistema bancário e maior proteção aos correntistas. Cabe lembrar, porém, que a passividade do BC em face da deterioração nas contas de instituições como o Banespa e o Econômico teve também um forte e lastimável componente político.
A atuação preventiva das autoridades monetárias permite evitar que a situação de um dado banco degenere irreversivelmente, causando graves prejuízos aos seus correntistas e, frequentemente, pressões para que o rombo seja coberto com recursos públicos.
Do ponto de vista técnico, a demora das autoridades monetárias em agir de modo mais rigoroso contra operações duvidosas ou mesmo uma administração incompetente deve-se em parte à falta de instrumentos apropriados. Atualmente, as ações impositivas do Banco Central acabam restritas à intervenção ou liquidação. E como estas são medidas duras, há uma tendência a tolerar a má gestão, na esperança de poder evitá-las.
A possibilidade legal de agir prontamente, prescindindo assim de ações mais radicais, não basta entretanto para proteger os correntistas e o próprio sistema. É preciso distanciar a gestão técnica do Banco Central das pressões políticas. Trata-se de criar condições institucionais para que o BC de fato utilize as novas prerrogativas com que o governo pretende municiá-lo.

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