São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Universal inicia ofensiva na área social

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Universal iniciou em outubro do ano passado uma ofensiva na área social, que inclui uma campanha contra a fome, que já distribuiu cerca de 1,4 mil toneladas de alimentos.
A ABC (Associação Brasileira Cristã) é a entidade criada pela Universal para coordenar as iniciativas de caráter social.
Além da campanha da fome, a ABC começou a criar postos de saúde em conjunto com a comunidade e tem projetos de recuperação de escolas públicas e administração de albergues.
Os atos de distribuição de alimentos são amplamente divulgados pelos veículos de comunicação da Igreja Universal.
Equipes da Record acompanham os integrantes da ABC nas visitas aos bairros pobres. As cenas são posteriormente mostradas na programação da TV.
A "Folha Universal", jornal oficial da igreja, também dá destaque à campanha. A ABC conta ainda com uma publicação própria, a revista "Mão Amiga", para divulgar suas atividades.
Os alimentos são coletados nos 1.700 templos da igreja no país. A maior parte dos recursos da ABC vem da igreja.
A Universal está determinada a ocupar os espaços vazios deixados pela falência do Estado e sua incapacidade de atuar na área social.
Há três meses foi inaugurado o primeiro posto de saúde, montado em conjunto pela ABC e a Associação dos Sem-Casa da Zona Sul.
Até agora, foram atendidas 10.159 pessoas. Segundo o médico Luciano Stancka e Silva, trabalham no posto um clínico-geral, um ginecologista, um pediatra e três dentistas. Silva, que não frequenta a Universal, é voluntário da ABC na área médica.
Presidida pelo pastor Ronaldo Didini, a ABC se prepara agora para assumir a administração de um albergue para moradores de rua no centro de São Paulo.
O trabalho será feito em parceria com a prefeitura da cidade, que pagará o salário dos 38 funcionários do albergue. A ABC dará alimentos e roupas e se encarregará do atendimento médico e dentário.
O albergue tem capacidade para 400 pessoas. Didini diz que, ao lado do atendimento material, a ABC pretende "levar a palavra de Deus aos moradores de rua".
Até o fim do ano o pastor pretende inaugurar o segundo posto de saúde no mesmo molde. O terceiro viria entre março e abril do próximo ano. E mais postos surgiriam a cada três ou quatro meses.
A área educacional é outra em que a ABC pretende atuar em parceria com o Estado.
A entidade já elaborou um projeto de recuperação da Escola Estadual de Primeiro Grau Mário de Andrade. Espera apenas a aprovação do governador Mário Covas para colocá-lo em prática.
A ABC assumiu também o controle de entidades filantrópicas tradicionais. Entre elas, está a Sociedade Pestalozzi de São Paulo, presidida por Marilene da Silva e Silva, integrante da Universal.
A Pestalozzi atende crianças portadoras de deficiência mental leve e moderada. Há 280 crianças que estudam em semi-internato. Outras 2.000 são atendidas por ano no centro de diagnóstico da instituição.

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