São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995 |
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CEBs mudam discurso para frear expansão
KENNEDY ALENCAR
As 4.983 CEBs do Estado de São Paulo abrem hoje em Ribeirão Preto seu encontro anual com o tema "Vida e Esperança nas Massas". Ao final, as comunidades vão elaborar uma carta-documento sobre sua filosofia de atuação. Ligadas à ala progressista da Igreja Católica, as CEBs (grupos religiosos com atividades sociais) diminuíram a pregação política e adotaram uma linguagem mais simples, para atrair os jovens. Segundo o coordenador das CEBs em São Paulo, João Dias Batista, o discurso político -a marca das comunidades nos anos 70- "se justificava à época do combate à ditadura militar". O coordenador da assessoria técnica do ISER (Instituto de Estudos da Religião), Névio Fiorim, considera que "o discurso das CEBs era muito militante e voltado para o coletivo". Agora, diz ele, busca-se também a felicidade do indivíduo e a sua realização pessoal. "Ninguém pode ser feliz sendo só militante." Segundo Fiorim, o catolicismo tradicional "perdeu ternura há muito tempo". Ele avalia que a tradição católica é "racional, fria e desnudada de emoção", enquanto que a pregação evangélica "volta-se para o individualismo". O coordenador do Iser afirmou também que "a mensagem política perdeu a exclusividade". Agora, temas como ecologia, juventude e drogas, papel da mulher na sociedade, discriminação racial e Aids dividem espaço com a política -a grande marca das CEBS nos anos 70. O padre Fernando Altemeyer, vigário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, afirmou que o sucesso dos evangélicos se deve a uma linguagem mais simples e alegre. Para ele, as CEBs devem fazer o mesmo. "Quem não tem emoção são os partidos políticos e a burocracia brasileira", disse. Batista concorda e diz que a palavra "pessimismo está proibida nas CEBs, que, agora, só falam em esperança". Na opinião de Altemeyer, os católicos devem fazer uma leitura da Bíblia com linguagem simples e em confronto com a atualidade e o mundo real. "As CEBs seguem o modelo de uma leitura pelos quatro lados da Bíblia", disse. Além do aspecto político, são também enfocados o econômico, o cultural e o religioso. Texto Anterior: Universal inicia ofensiva na área social Próximo Texto: Nos cultos, fiéis doam dinheiro para vencer diabo Índice |
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