São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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NA PONTA DO LÁPIS

MARCELO LEITE

Chamo a atenção do leitor para um texto da maior relevância publicado domingo passado na Folha, às págs. 2-6 e 2-7: "O labirinto do PIB e de outros números".
O competente trabalho de Gabriel J. de Carvalho desvendava alguns dos números misteriosos dessa ciência impossível que é a economia brasileira. Logo na linha-fina (subtítulo), ensinava: "Produto Interno Bruto está na casa dos US$ 500 bi, mas pode ser de US$ 800 bi".
No meio da reportagem, uma "escada" de números com 30 cm de altura, descendo dos US$ 5.920.199.000.000 de PNB dos Estados Unidos até R$ 1,00, valor da menor aposta na Supersena. Algo para recortar e guardar, uma espécie de régua para aferir, por comparação, o tamanho dos absurdos que qualquer pessoa diz e escreve, em matéria de quantidades.
Outro enigma esclarecido é o do salário-família creditado no contracheque de pais de família: R$ 0,83 por filho menor de idade. Havia ainda um cala-boca em todos aqueles que deblateram contra o desconto do Imposto de Renda, tomando por base uma alíquota (como a de 26,6%) que só é aplicada em cascata, ou com o ordenado dividido em fatias: "Até executivo de multinacional tem uma parcela do salário que não paga um centavo de IR".
Trata-se de um promissor filão jornalístico, a desmitificação dos números, em especial daqueles que todos repetem e poucos conhecem a fundo. A esse respeito, recomendo também a leitura da reportagem "Estranha dança de números" (revista "Veja" de 23 de agosto), uma vacina contra a epidemia de estatísticas sociais internacionais, em que o Brasil sempre aparece lá embaixo.

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