São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995 |
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Mulheres insistem em relações 'erradas'
AURELIANO BIANCARELLI
Fátima faz parte do grupo de Mulheres que Amam Demais e tinha saído de uma relação de três anos com um alcoólatra. "Não sei como os homens percebem, mas a verdade é que percebem." A psicanalista Anna Verônica Mautner tem uma explicação para essa atração mútua. "Há mulheres que se sentem fortes tendo um homem para cuidar, e há homens problemáticos querendo ser cuidados. Os olhares se encontram." Não fosse assim, as mulheres não insistiriam na repetição compulsiva de relacionamentos que consideram errados. Para Anna, ao cuidar de um homem alcoólatra, drogado ou com outro problema, a mulher sente que está certa e que tem poder sobre ele. "Se quisesse, poderia se livrar dele, mas prefere mantê-lo. Esse manto de santidade esconde algo mais grave que em muitos casos só vem à tona com a ajuda de profissionais." Miriam Chnaiderman, também psicanalista, afirma que "a fantasia de salvar alguém é muito frequente nas mulheres". Ao dedicar-se a um relacionamento complicado, o homem ficaria com uma "dívida eterna" e a mulher teria o domínio deste amor. "Nessa doação absoluta, a mulher também se alimenta narcisisticamente", diz Miriam. A criação do Mada partiu do livro "Mulheres que Amam Demais", da terapeuta norte-americana Robin Norwood. "Como vencer sua dependência do homem errado e mudar para melhor", diz o subtítulo. O livro tirou 26 edições pela Best Seller e está esgotado. Em novembro será relançado pela Siciliano. "Se para você amar é sofrer, então você está amando o homem errado", diz a autora. "Se você ama alguém emocionalmente fechado, viciado em trabalho ou em outras mulheres, e se mesmo assim insiste, então você está amando de maneira errada." A autora aconselha a criação de grupos e enumera etapas que "podem libertar você do amor destrutivo". Texto Anterior: 'Tudo girava em torno deles' Próximo Texto: Grupo 'anti-álcool' é pioneiro Índice |
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