São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Não suportava quando ele assistia futebol na TV'

Silvia diz que com o MADA aprendeu a aceitar o marido

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Silvia Carneiro, 28, tem uma vida absolutamente normal. Três filhos pequenos, um trabalho que a satisfaz -ela avalia móveis de estilo- e um marido advogado que não depende de álcool nem de drogas.
Aparentemente, Silvia só teria a reclamar do atropelo do dia que só acaba perto da meia-noite, quando volta da escola.
Mas sua relação com a família estava virando um inferno. No ano passado, Silvia decidiu entrar para o grupo Mulheres que Amam Demais Anônimas.
"Me identifiquei com aquelas mulheres já na primeira vez", conta. "Descobri que fazia tudo pensando em agradar os outros e que as pessoas interferiam muito na minha vida. Eu não admitia a possibilidade de errar. Não via meus limites nem o do outro."
O sapato do marido no chão da sala e seu desajeito quando tentava dividir as tarefas da casa a deixavam furiosa.
"Não suportava vê-lo sentado no sofá aos domingos, assistindo futebol pela TV. 'Vai passear com as crianças, soltar pipa com elas', eu dizia. Hoje não ligo mais. Pego eu mesma as crianças e vou dar uma volta."
As confusões começavam logo cedo, quando os filhos tinham de ser acordados e arrumados para estarem na escola às 7h.
"Eu sou rápida, meu marido é devagar. Eu me irritava querendo que ele fizesse tudo no meu ritmo. Ele acabava se atrapalhando ainda mais. Agora, se ele fizer o café e se arrumar já acho ótimo. Se ele disser que vai lavar a louça mais tarde, tudo bem. Eu aprendi a aceitar seus limites."
O marido também mudou com o grupo. "Quando decidi voltar a estudar, sair com gente mais jovem, ele ficou inseguro. A opinião dele conta, mas já não prevalece, e ele aceita isso. Ele se recusa a fazer análise, mas aos poucos está aprendendo a aceitar meus limites."
(AB)

Texto Anterior: Grupo 'anti-álcool' é pioneiro
Próximo Texto: Gerente 'insiste' em ciumentos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.