São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Gerente 'insiste' em ciumentos

AURELIANO BIANCARELLI

Da Reportagem Local
Do primeiro marido ela se cansou. Entre ele e uma nova profissão, preferiu o trabalho.
O segundo era alcoólatra e ciumento. Telefonava a qualquer hora do dia e da noite para saber onde ela estava. O terceiro não ligava para nada. Aparecia quando queria e nem sequer avisava.
Há três meses, a gerente comercial Fátima, 43, mãe de dois filhos adolescentes, decidiu procurar o Mada, o grupo de Mulheres que Amam Demais Anônimas. Hoje ela está sozinha e, por enquanto, quer ficar assim.
"Percebi que só procurava homens inadequados", diz Fátima. "Quanto mais inacessível ele era, mais eu me envolvia e me tornava dependente."
Fátima viveu nove anos com o primeiro marido. "Aparentemente o casamento ia bem, até que comecei a trabalhar fora. Eu tinha contato com muitas pessoas, tive um crescimento humano e cultural muito grande. Não queria mais ficar limitada ao casamento. Fui substituindo os sentimentos pela profissão, até que tudo acabou."
O segundo relacionamento foi com um alcoólatra e possessivo. "Era um profissional competente e responsável, sempre bem arrumado. Mas eu vivia em tensão permanente. Se no restaurante alguém da mesa ao lado me olhava, ele começava uma briga."
Os dois moravam em casas separadas. Segundo Fátima, ele era tão ciumento que todos os dias ia acordá-la às 6h30 e a levava ao trabalho. No final da tarde fazia a mesma coisa.
"Meu carro ficou na garagem. Minha vida era controlada até de madrugada. Ele saía de viagem e telefonava toda hora para saber se eu estava em casa."
Um dia ele informou que tinha se apaixonado por outra. "'Adoro você, mas estou indo embora. E se foi", conta Fátima. A relação durou três anos.
O terceiro homem era um "presente ausente", como ela mesma classifica. "Não telefonava, não falava de sua vida. Era metódico, cheio de regras. As coisas tinham que ser do jeito que ele queria. Chegava sem avisar e dizia que iríamos ao cinema, e eu ia."
O relacionamento terminou em fevereiro passado. Hoje, depois de três meses no grupo, Fátima diz que entende melhor sua procura por homens errados. "A situação era cômoda para mim. Às vezes você precisa de uma companhia, de alguém em quem possa confiar, aí acaba ficando com quem não não tem nada a ver."
Fátima é uma mulher independente e tem um trabalho que exige iniciativa e espírito de liderança.
Só não se acertou ainda com os homens. "Eu cresci achando que tinha de ser boazinha para que meu pai gostasse de mim. Era o que eu fazia com os homens que cruzavam o meu caminho."
(AB)

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