São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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México exporta mais para o Brasil

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Em 95, as exportações mexicanas para o Brasil cresceram 276%, somando US$ 480 milhões no primeiro semestre, enquanto as vendas de produtos brasileiros para o México totalizaram US$ 264 milhões, ou seja, uma queda de 50,5% com relação ao primeiro semestre de 94.
Com esses resultados o México alcançou um superávit de US$ 216 milhões no comércio bilateral com o Brasil, quebrando assim longa tradição superavitária brasileira.
No primeiro semestre do ano passado, o saldo comercial havia sido positivo para o Brasil: US$ 405 milhões.
"É preciso deixar claro que 90% desse resultado se deve a uma situação conjuntural: o peso está bastante desvalorizado e o real, supervalorizado", afirma Eduardo Alcaraz, economista da Coece (Confederação de Entidades de Comércio Exterior do México).
Segundo projeções da Coece, as exportações mexicanas para o Brasil vão chegar a pouco mais de US$ 1 bilhão, durante esse ano, enquanto as brasileiras para o México devem ficar em torno de US$ 500 milhões.
Isso daria um saldo positivo de US$ 500 milhões para o México, bem diferente do superávit brasileiro de US$ 850 milhões, obtido no ano passado.
Outras razões
Além da questão cambial, Alcaraz aponta outras razões. O principal produto de exportação do Brasil, ônibus fabricado pela Mercedes-Benz, passou a ser produzido no México este ano.
A temporária redução da alíquota brasileira para importação de carros também ajudou. A Nissan mexicana, que nunca havia exportado para o Brasil, vendeu 513 unidades no primeiro semestre.
A Volkswagen do México aproveitou para comercializar no Brasil 15.724 unidades do modelo Golf. Em 94, havia exportado somente 1.323 unidades.
O presidente da Câmara de Comércio México-Brasil, Luis Enrique Wah, não dá tanta importância à desvalorização do peso.
"Claro que ajudou, mas o fator determinante para a inversão da balança comercial foi a abertura do mercado brasileiro", disse ele.
Na opinião de Wah, o comércio sempre havia sido muito desigual, pois o governo brasileiro aplicava excessiva proteção a vários setores.
Tanto foi a abertura, que na lista dos principais produtos mexicanos exportados para o Brasil, este ano, surgiram vários itens completamente novos, argumentou.
O desempenho da Volkswagen este ano desbancou de vez a indústria química da primeira posição na lista.
Veículos
Veículos e carros de passeio foram o mais importante produto de exportação do México para o Brasil. No primeiro semestre, foram vendidos US$ 171 milhões em carros. Um aumento de 790% com relação ao mesmo período de 94.
Em segundo e terceiro lugar estão produtos eletrônicos (máquinas de calcular e computadores), com US$ 37 milhões. A IBM mexicana lidera o ramo. Apenas em quarto lugar aparece, este ano, o sulfato de dissódio, produto químico que foi líder até 93.
Na rota inversa, ou seja, exportações do Brasil para o México, autopeças para ônibus e caminhões ocupam a primeira posição, com US$ 19,3 milhões. Uma redução de 72%, com relação ao primeiro semestre do ano passado.
Em segundo lugar vêm autopeças para carros, com US$ 15,7 milhões, cifra 66% inferior à do ano passado, e na terceira posição estão placas de ferro aglomerado, com US$ 14,7 milhões, produto que não foi comercializado em 94.
Wah acredita que, ao final do ano, as exportações para o Brasil vão totalizar US$ 1,1 bilhão, com cerca de US$ 500 milhões na cota da importação.

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