São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995 |
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Para ex-presidente do BC, dólar deve parar de subir
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Para ele, não há uma política cambial definida. O que o mercado está assistindo é apenas a correção de um erro. "O dólar nunca deveria ter chegado a R$ 0,82". Eris diz ser "um mito achar que viver desvalorizando a moeda é o nosso destino". Quando os produtos siderúrgicos, por exemplo, enfrentam problemas para serem exportados, falar em mexer no câmbio é mania nacional. "Nunca se fala em mexer nos portos, que são ruins, ou nos impostos, que são pesados." O centro da questão, para o ex-presidente do BC, é justamente esse: "Ao contrário dos EUA, o Brasil pode ganhar competitividade reduzindo as ineficiências." A política a ser seguida não é a de fixar o câmbio como fez a Argentina, mas a de só mexer no câmbio em último caso. "É ter uma âncora cambial (o preço do dólar serve de referência para os demais) mais inteligente". Indagado se a "parada técnica", dado o juro elevado praticado no Brasil, não provocaria nova enxurrada de dólares, Eris foi lacônico: "Que tal baixar os juros? Esse juro não é uma solução, é um problema." Dizendo-se otimista com o Real, Eris diz que não é compatível com a estabilidade dos preços a forma atual de correção do dólar. José Garcia Pena, economista do Banco de Boston, concorda com Eris que a atual política cambial é de transição e terá de ser mudada em algum momento. Mas acredita que, ao contrário do ex-presidente do BC, a hora é de acelerar o câmbio. "O governo deveria aproveitar o bom momento, de inflação baixa, juros em queda e de reservas internacionais (o caixa do país em moeda forte) no raio histórico para andar mais com o câmbio", diz, para depois acrescentar: "Até porque, é razoável supor, o governo pode usar isso lá na frente". O eventual aperto no acelerador, portanto, serviria para criar uma espécie de colchão. Na visão de Celso Scaramuzza, do Unibanco, o comportamento das exportações e das importações dispensaria o tal colchão. Projetando um superávit de US$ 1 bilhão para setembro, Scaramuzza diz que o melhor é o câmbio ficar como está, corrigido pelo índice de preços no atacado. "O ideal é o governo aproveitar o bom momento do Plano Real para concentrar seus esforços nas reformas e por ordem na casa". Texto Anterior: Previdência sem privilégios: 92,6% Próximo Texto: Especialistas prevêm volta de déficits Índice |
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