São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Aumento estranho

O anúncio de que as revendedoras pretendem aumentar o preço de venda dos automóveis brasileiros a partir da linha 96 vem em má hora -quando a inflação está em níveis excepcionalmente baixos- e sugere que o setor automobilístico está procurando aproveitar-se da menor competição dos importados.
Segundo a Fenabrave (federação nacional das concessionárias), pretende-se reduzir ou eliminar os descontos sobre os preços de tabela, que atualmente estão em 14% em média. Para o consumidor, isso pode significar um aumento de até 16,3% no custo da compra.
Desde que, constrangido pelo desequilíbrio nas contas externas, o governo elevou as alíquotas de importação de carros para 70%, teme-se que as indústrias sediadas no país utilizem seu poder de mercado para impor ao consumidor um preço excessivamente alto. As mudanças frequentemente cosméticas que ocorrem na produção de um mesmo automóvel entre um ano e outro parecem servir de pretexto para o aumento efetivo dos preços.
Se de fato o setor agir dessa maneira, o governo estará absolutamente certo em não elevar os prazos dos financiamento e consórcios de automóveis. Ou existem dificuldades para vender -e nesse caso as demandas do setor são justas- ou as vendas vão tão bem que as fábricas e os revendedores sentem-se à vontade para elevar os preços -e então não havia a menor base para suas reclamações.

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