São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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o futuro por um fio

HELOISA HELVECIA; PATRICIA CARTA; LÚCIA CRISTINA DE BARROS
DE VOLTA AO FUTURO

Os anos 90 prometem misturas entre fibras naturais e sintéticas e mais revoluções.
Para Zita Roncaglio, designer têxtil da Internacional, o Brasil está engajado na evolução mundial dos sintéticos e a união entre Rhodia e Hoescht, diz ela, seria uma prova e um facilitador desse processo. Tanto assim que a Fairway já fabrica no país as primeiras microfibras: setila e meryl.
Criada em 71, a microfibra não vingou de cara. Só se popularizou graças aos japoneses, que conseguiram desenvolver o produto a preços de banana no final dos 80.
Na mesma época, lembra Pascolato, os japas e os belgas, com seus looks descontrutivistas, concentraram toda sua criatividade para desbancar a estética dos 80, viciada na perua. Os sintéticos, finalmente, foram usados longe do corpo.
"Intranspirável"
O estilista diabólico Alexandre Herchcovitch acha que, num país como o Brasil, os sintéticos "vão matando as pessoas aos poucos. Para ele, a vantagem do tecido artificial "é só de quem fabrica".
Herchcovitch, que em suas exóticas criações emprega tecidos antigos e também sintéticos -evitando sempre os "intranspiráveis"-, aposta para logo numa volta radical ao cem por cento algodão.
Menos radical que o estilista paulista, Helmut Lang, o profeta do estilo informal-sofisticado, misturou na sua última coleção tecidos nobres como o cashmere a sintéticos. Para Costanza Pascolato, fã do criador alemão, isso antecipa "a volta de dois caminhos paralelos, de looks naturais e artificias", para, num segundo momento, acontecer a mistura de fibras e o sintético aparecer disfarçado de natural.
O natural volta sim, mas virá entre aspas. O visual falso, os acetinados, os brilhantes e o vinil das vitrinas têm, é óbvio, os dias contados. Não significa que a alta tecnologia vá ganhar uma etiqueta "démodée".
Ao contrário. A indústria já pesquisa o fio com torção, o "toque nervoso" que dê ao tecido mais corpo e textura de crepe. Agora modernos, os sintéticos vão chegar ao fim do século com status de eternos.
(Heloisa Helvecia e Patricia Carta)
(Colaborou Lúcia Cristina de Barros)

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