São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Repórter sonha trocar TV por jornal

PAULO REIS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Consagrada na TV, Glória Maria começa a se cansar do veículo. "Em breve", quer largar tudo e passar a escrever para jornais e revistas.
"Parece loucura, mas morro de inveja de quem escreve", explica.
Outro de seus planos próximos inclui o lançamento de um livro de bastidores.
"Mas só posso publicar este livro quando estiver fora da televisão", diz. "Porque tem coisas que só poderia falar longe de lá."
Enquanto continua na profissão atual, no entanto, procura se diferenciar dos companheiros.
Detesta, por exemplo, apresentar telejornais, para muitos considerado o ponto alto da carreira.
"É na rua que a gente aprende, no meio do povo. Além do mais, tenho horror a ficar burra", alfineta.
"A marca registrada da Glória é conseguir falar para um grande número de pessoas", diz Sandra Passarinho, outra veterana, com 15 anos de profissão.
"Ela está há tanto tempo na TV porque corre atrás. Por isso deu certo."
Glória Maria Malta da Silva nasceu na Vila Isabel, zona norte do Rio. A data é imprecisa e Glória não gosta de falar no assunto. Segundo conta, foi há 39 anos.
Aos 16 anos, começou a trabalhar. Primeiro, como telefonista da Embratel, enquanto completava seus estudos. Foi lá que, diz, aprendeu tudo na prática.
O salário de telefonista financiava o sonho de uma futura carreira de jornalista.
"Como me esforçava muito, acabei sendo contratada pela Globo, depois de trabalhar um ano de graça, e aí larguei o outro emprego."
Seu começo como repórter foi difícil. "Estávamos no início dos anos 70, o período da ditadura do presidente Médici", lembra. "Como eu era atrevida, tive vários problemas com os militares."
Glória Maria já passou pelo "RJ-TV", "Hoje", "Jornal Nacional" e "Globo Repórter", entre outros telejornais, até chegar no "Fantástico", de onde não saiu mais.
A repórter é sempre a escolhida para fazer reportagens especiais, geralmente em lugares inusitados.
Solteira, sem filhos, mora sozinha num bom apartamento da rua Carlos Góis, no Leblon (zona sul da cidade), com vista para o mar.
Essas porém, não são as únicas explicações para o espírito aventureiro de Glória, que a leva a passar, com frequência, um mês fora do país.
"Pago aluguel deste apartamento, não possuo bens, tenho horror de guardar coisas", diz. "Não gosto de me sentir presa. Gosto de estar um dia num lugar e no dia seguinte, noutro."
"Quando Glória parte em viagem, manda sempre dúzias de reportagens", diz Luís Nascimento, diretor de jornalismo do "Fantástico".
"Por isso, usamos ao máximo o seu potencial, até para fazer o investimento da rede."

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