São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995 |
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Universal promete avalanche de ações contra Globo
KENNEDY ALENCAR
A estratégia da igreja é, em um primeiro momento, fazer com que seus membros processem individualmente a Globo após o término da minissérie. Com final previsto para sexta-feira, "Decadência" retrata um pastor evangélico corrupto que enriquece à custa da exploração de seus fiéis. Após o processo movido por seus membros, a igreja também proporá o seu. Presidente da ABC (Associação Beneficente Cristã), braço social da igreja, Didini oferecerá gratuitamente assistência jurídica a pastores e fiéis. No Brasil, a igreja tem 3.000 pastores e cerca de 3 milhões de fiéis. Didini disse que pretende liderar 10 mil processos. Segundo a Folha apurou, essa estratégia resguardaria a imagem do bispo Edir Macedo, líder da igreja, porque não faria uma ligação direta entre ele e o protagonista da minissérie, d. Mariel. Reportagem da Folha de 9 de setembro é considerada por advogados da igreja a prova de que Mariel é inspirado em Macedo. A reportagem mostra que trechos de uma entrevista dada por Macedo à revista "Veja" em 1990 foram reproduzidos literalmente no livro "Decadência", de Dias Gomes. O livro inspirou minissérie. Na semana passada, os trechos foram exibidos num diálogo entre Mariel e o delegado que investiga suas supostas atividades criminosas. Segundo o advogado criminalista José Roberto Batochio, que já defendeu Macedo em outros processos, o bispo, pastores e fiéis têm "fundamentos jurídicos" para processar a Globo. A assessoria jurídica de Macedo analisa a possibilidade de processar a TV. Na opinião de Batochio, podem ser feitos dois tipos de processo: uma ação penal por ofensa à honra e uma ação civil indenizatória por danos morais. O advogado de Didini, Kamel Miguel Nahas, disse que o modo como a minissérie retrata pastores evangélicos e fiéis "traz elementos para medidas judiciais". Advogados da igreja consideram o caso do deputado estadual Afanázio Jazadji (PFL-SP) um precedente favorável. Em julho, em decisão de primeira instância, a Justiça condenou a Globo e o autor de novelas Lauro César Muniz a pagar indenização de R$ 800 mil ao deputado. Em 89, a Globo exibiu a novela "O Salvador da Pátria", cujo personagem Juca Pirama, um radialista traficante de cocaína, teria sido inspirado em Jazadji. Texto Anterior: Ex-governador diz que Vale unirá oposições Próximo Texto: Pastor pede decadência global Índice |
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