São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Lampreia não crê em sanções dos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, disse ontem em Washington que os EUA "têm todas as razões para estarem convencidos de que o Brasil terá em breve sua lei de propriedade intelectual".
O governo dos EUA tem prazo até meados de outubro para aplicar sanções ao Brasil caso o Congresso não tenha aprovado a lei.
"O prazo americano não é fatal. Essa é uma questão dinâmica", disse Lampreia, antes de se encontrar com Mickey Kantor, o responsável pelo comércio exterior no governo dos EUA.
Pela manhã, após reunião com o secretário de Estado Warren Cristopher, Lampreia disse que os EUA vão defender a inclusão do Brasil no Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR).
A próxima reunião plenária do MTCR, quando o Brasil poderá ter seu ingresso aprovado, será em outubro, em Bonn (Alemanha).
O MTCR foi criado em 1987, com o objetivo de conter a proliferação de mísseis pelo estabelecimento de controles sobre exportação de tecnologias e equipamento. Tem a participação de 25 países.
Segundo Lampreia, com a entrada do Brasil no MTCR, serão possíveis novos projetos entre EUA e Brasil nas áreas de telecomunicações e de exploração espacial, inclusive a base de Alcântara.
O comunicado conjunto de Brasil e EUA divulgado após a reunião de Lampreia e Cristopher anuncia também a decisão de criar um mecanismo bilateral para tratar assuntos de meio ambiente.
O subsecretário de Estado Tim Wirth está indo ao Brasil em outubro para acertar os detalhes sobre essa instância.
Lampreia também disse ter tratado com Cristopher da ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e da possível presença do Brasil como membro permanente do órgão.
Segundo Lampreia, o Brasil "não está em campanha" e "não tem obsessão" pelo tema, mas está "pronto a cumprir seu papel" se houver consenso sobre a necessidade de expandir o conselho.
Cristopher, depois de fazer muitos elogios ao "papel que o Brasil desempenha no mundo e na ONU", disse que os EUA apóiam "alguma mudança" no conselho e "pelo menos algum aumento" na sua composição.
Mas os EUA, por enquanto, só concordam com a inclusão da Alemanha e do Japão entre os membros permanentes (os atuais são EUA, Rússia, Reino Unido, França e China). Para Lampreia, a entrada apenas de Alemanha e Japão no conselho é "insuficiente" do ponto de vista do Brasil.

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