São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preço pago por reservas cambiais recordes é alto

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O valor recorde das reservas cambiais, US$ 47,65 bilhões, resultou dos esforços do Banco Central para financiar o desequilíbrio do balanço de pagamentos deste ano, estimado em US$ 11 bilhões.
As reservas mostram que a política de atração de capitais estrangeiros foi bem-sucedida. Mas o preço é muito alto: recessão, já que o instrumento utilizado foram os juros campeões mundiais.
O BC mantém o juro real na faixa de 39% ao ano, a despeito da inflação muito baixa e das reservas, porque não quer correr o risco de fuga dos dólares enquanto a balança comercial não mostrar superávits capazes de cobrir o rombo do balanço de pagamentos.
E a balança está longe de um equilíbrio. No acumulado do ano, exibe déficit de US$ 3,94 bilhões. Para zerá-lo, seria preciso obter um superávit de US$ 985 milhões em cada um dos quatro últimos meses do ano. Impossível. E impossível sobretudo enquanto o real estiver sobrevalorizado frente ao dólar. Para minorar o artificialismo da âncora cambial, o BC é obrigado a compensar os exportadores por meio do pagamento de prêmios estimulantes na arbitragem câmbio/CDI. Ou seja, o juro alto é necessário nas duas frentes.
É por isso que o BC só vê o lado externo da economia ao fixar o juro primário e este vai demorar até apresentar resultados satisfatórios. Os US$ 47,66 bilhões não bastam enquanto o câmbio estiver irreal. E mudar o câmbio significaria alterar o Plano Real.
As políticas equivocadas de combate à inflação podem gerar distorções mais graves do que ela. Dados do BC revelam que aumentou muito a dependência do Estado dos financiamentos privados.
A necessidade de financiamento do governo chega a 5% do PIB pelo conceito nominal e a 2,4% pelo critério operacional. Só o pagamento dos juros reais da dívida interna equivale a 4,6% do PIB. Não é à toa que o governo quer o ajuste fiscal. Enquanto este não for feito, o BC continuará praticando uma política monetária restritiva que, paradoxalmente, só faz crescer a necessidade do ajuste.
Novos fundos
Esta é a última semana para aplicações nos fundos de investimento antigos. O "pulo do gato" serão os fundos de curto prazo que serão transformados em FIF de 60 dias. Uma aplicação feita no FAF no dia 29 fica líquida no dia 2 recebendo a remuneração do FIF.
Por isso, o FAF é melhor opção do que o commodities, cuja liquidez plena só será adquirida no trigésimo dia. Note: o FAF transformado em FIF persistirá com liquidez diária enquanto tiver dinheiro "antigo" na conta.

Texto Anterior: Empregado aposentado; FGTS _ casa própria; Cadastro dos devedores; Comércio de autopeças; Guias de recolhimento; Pensão alimentícia; Venda de medicamentos
Próximo Texto: Cuidado para não gastar demais neste final de ano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.