São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Olhando as estrelas com um pé atrás

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os extraterrestres merecem gratidão por terem fornecido à imaginação humana um terreno fértil e vasto, em que brota de tudo: megaproduções de Spielberg e Lucas, Herculóides, orelhas do Dr. Spock e a singela poesia no banheiro do cursinho: "Todo astronauta que parte/deve levar pelo menos/uma gravata de Marte/e uma camisa-de-vênus".
Infelizmente, os ETs são bem menos generosos no campo da não-ficção. Supostas "provas" de sua presença são desmascaradas uma depois da outra, e quem pergunta se existe vida fora da Terra continua ouvindo a secular resposta: "Vai saber..."
Recentemente, no "Jô Soares", um criador de rãs narrou um contato que teria tido quando estava em seu caminhão no norte de Tocantins. Uma luz forte baixou sobre o veículo, e o homem foi "sugado" para dentro da nave, desfalecendo imediatamente.
Graças à técnica de regressão, o ranicultor pôde reconstituir o acontecido durante sua inconsciência. Descreveu a nave e os ETs e contou que estes implantaram em seu cérebro uma espécie de "chip". Lamentavelmente, o artefato não aparece em radiografias.
Sei.
O "Fantástico" anunciou, com o estardalhaço de praxe, a exibição do filme de suposta autópsia feita em um ET, cujo corpo teria permanecido intacto após a explosão de sua nave no Novo México (EUA).
Perdi a efeméride, mas soube por amigos que o tal filme parecia tão autêntico quanto as lutas do "Supercatch" e na mesma reportagem já foi detonado por especialistas. Puxa, que surpresa...
Apesar de interessado no tema desde moleque, quando vi National Kid combater os temíveis incas venusianos, há pouco tempo saí "de cima do muro" a respeito da questão. Não que eu tenha finalmente visto uma prova; fui arrancado de lá pelas mãos fortes da matemática.
Na literatura científica, cálculos formulados sobre hipóteses razoáveis indicam a existência de "trocentos" sistemas planetários semelhantes ao nosso. Tantos que seria uma enorme "zebra" não haver vida em outro ponto deste universo véio sem porteira. Simples assim.
Trocando em miúdos: a convicção ainda depende de evidências, mas já tenho um preconceito bastante favorável aos alienígenas. Só espero que, no devido tempo, essa frase baste para salvar minha pele.

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