São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Secretário admite 'custo social'

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário do Tesouro Nacional, Murilo Portugal, sorria quando anunciou, na última quinta-feira, ter liberado em agosto apenas R$ 1,2 bilhão para todos os investimentos públicos e despesas como consultas e internações hospitalares.
"Esse é o resultado do esforço de ajustamento, do nível de repressão fiscal do governo", declarou Portugal, apostando que as contas públicas chegarão equilibradas ao final do ano.
Homem poderoso na Esplanada dos Ministérios, Portugal controla o caixa da União desde o governo Collor. O trabalho de quem formula a proposta do Orçamento e do Congresso, que vota a lei, só sai do papel com a assinatura de Portugal.
À Folha, o secretário disse que sua maior preocupação na liberação de dinheiro do Tesouro é "macroeconômica". Traduzindo: o secretário diz que não cabe a ele analisar se as prioridades de cada área do governo estão sendo cumpridas.
"Como nós aqui vamos saber se é mais importante para a agricultura ou a saúde o programa A ou B? A liberação é feita para cada ministério de forma global e quem decide como gastar é o próprio ministério."
O secretário reconhece que a política de controle dos gastos tem um "custo social" alto: "Quanto é este custo exatamente eu não sei, mas acho que o custo da inflação é maior".
Murilo Portugal sustenta que não se pode comparar o programa de assistência médica e dentária ao Ministério da Fazenda (onde trabalha), que gastou mais de 93% de toda sua verba no primeiro semestre, com o programa de reforma agrária, que recebeu menos de 3% dos recursos no mesmo período.
Segundo ele, assistência médica é uma despesa que não pode ser interrompida.
(MS)

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