São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Manifesto anti-recessão une 80 entidades

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 80 entidades do comércio, pequena e média indústria, agricultores e de trabalhadores lançaram ontem o manifesto "Estabilidade Sim, Recessão Não", no teatro Sérgio Cardoso, centro de São Paulo.
Com a presença de cerca de cem pessoas, os oradores destacaram a necessidade de uma redução urgente nos juros e de uma audiência pública com o governo.
Segundo o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, as 1.600 demissões realizadas ontem pela Mercedes-Benz são "uma prova cabal de que há recessão neste país".
Ele admitiu a existência de razões estruturais para os cortes, mas disse que "com salário ruim e juro alto ninguém compra nada", causando desemprego.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro Camargo Neto, classificou os juros atuais de "malucos, uma aberração".
O vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, disse que o objetivo do movimento era "demover o governo de alguns dogmas", como por exemplo da idéia de que "estabilização se faz com recessão".
A Confederação Nacional dos Diretores Lojistas divulgou dados segundo os quais das 3,5 milhões de lojas existentes no país, 5% fecharam suas portas desde março.
Enir Severino da Silva, da Federação dos Eletricitários do Estado de São Paulo, diz que sua categoria perdeu mais de 10 mil postos de trabalho desde janeiro.
Oded Grajew, da Cives (Associação Brasileira dos Empresários Pela Cidadania), afirmou que os grandes perdedores com a política atual do governo são os trabalhadores e pequenos empresários. "Cada produto que entra de fora gera emprego no outro país e reduz o nosso", afirmou.
A coordenadora do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), Betty Abramowicz, lembrou da importância das reformas constitucionais. "Se não é possível reduzir os juros para recuperar empregos no curto prazo, temos certeza de que é possível acelerar a velocidade das reformas", disse.
Também participaram do ato representantes da Força Sindical, das duas CGTs (Confederação e Central Geral dos Trabalhadores), da Abifa (setor de fundição), da Abimaq (máquinas), do Sinduscon (construtoras), do Secovi (corretoras), da União Municipal dos Estudantes, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da Associação dos Bares e Restaurantes Diferenciados e da Coordenação Autônoma dos Trabalhadores, entre outros.
Os dois maiores expoentes da Força Sindical -o presidente da central, Luiz Antônio de Medeiros, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva- não foram ao ato.
A Força Sindical já havia lançado, no dia 12 de setembro, com mais 40 entidades, o manifesto "Reformas Sim, Recessão Não".
Respondendo ao pedido dessas entidades, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, vai recebê-las para audiência amanhã em Brasília. Para o lançamento do "Reformas Sim, Recessão Não", Vicentinho não foi convidado.

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Sobre desemprego à pág. 2-3

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