São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Fumante respeita, mas critica o decreto

PATRICIA DECIA; ROGER MODKOVSKI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de obedecerem ao decreto da prefeitura, a maioria dos fumantes que estava almoçando nos restaurantes fiscalizados ontem reclamou.
No restaurante francês La Tambouille, na avenida Nove de Julho, os publicitários Carlos Alberto Missiroli, 51, e Rogério Sesma, 42, tiveram de apagar os cigarros a pedido da gerência do estabelecimento.
"Esse decreto é discriminatório", disse Missiroli. Sesma, que fuma um maço e meio de cigarros por dia, sugeriu a criação de restaurantes exclusivos para os fumantes.
"Acho que é preciso haver um equilíbrio, com igualdade de direitos. Se houvesse restaurantes assim, seria frequentador assíduo", disse o publicitário.
A gerente de projeto Susan Blick, 23, é fumante, vai respeitar o decreto, mas é contra.
"Alguém vai proibir o senhor de andar de carro porque causa câncer?", perguntou Susan aos fiscais na pizzaria Miccheluccio da avenida Vieira de Carvalho com a rua Vitória (região central).
Carlos Farias, 55, empresário, estava com seus cigarros e seu isqueiro sobre a mesa no restaurante O Gato que Ri, no largo do Arouche (centro), mas garantiu que não fumaria ali.
Ele disse que não vai parar de frequentar restaurantes. "Deixei o cigarro aqui só para me lembrar que preciso parar de fumar", prometeu Farias, que estava rouco.
No Au Liban, na Nove de Julho (zona oeste), as irmãs Lúcia Sanarella, 29, e Luciana, 22, discordavam sobre o decreto. Luciana, fumante, disse que tem direito à "livre escolha".
Lúcia, não-fumante, concorda totalmente com a proibição. "Quando ela está comigo, peço para nem acender o cigarro", disse sobre a irmã.
O gerente do Carlino da avenida Vieira de Carvalho, Antonio Carlos Marino, disse temer que o movimento do restaurante caia nos finais de semana, quando o cliente gosta de ficar mais tempo à mesa.
"No nosso restaurante não dá tempo de o freguês acender o cigarro", disse Pedro Seriacopi, 43, gerente do restaurante "a quilo" Classe A, no largo do Arouche (centro). "Vamos pôr os cartazes."
(PD e RM)

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