São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Exageros

Morte. Ela é inexorável. Entretanto, particularmente entre os jovens, existe uma tendência de crer-se onipotente, imortal. Tudo de ruim que pode acontecer a alguém acontece sempre com os outros, calculam os jovens num raciocínio inverso ao da lei de Murphy.
Essa parece ser a melhor explicação para entender alguns dos incríveis números recolhidos pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas). Dos estudantes brasileiros, 43% não usam camisinha. Ou seja, pouco menos da metade dos jovens brasileiros se expõe ao risco de contaminação pelo vírus HIV ou mesmo outras doenças sexualmente transmissíveis.
Mais impressionante ainda, 70,4% dos estudantes da rede pública começam a consumir álcool entre 10 e 12 anos. Quando se considera que o alcoolismo é uma doença progressiva e que atinge cerca de 10% da população, o consumo precoce torna os efeitos da moléstia bem mais severos. De resto, há uma lei que impede que menores de 18 anos adquiram álcool. Deve ser a lei mais desprezada da história do direito universal.
No caso das outras drogas, o índice de consumo entre 10 e 12 anos é de 15%, em tese um número menos preocupante. O problema é que com algumas dessas drogas, diferentemente do que ocorre com o álcool, a dependência se instala com muito mais rapidez e os danos à saúde podem ser muito maiores.
O homem sempre teve uma fatal atração pelo dionisíaco que carrega consigo um pouco de tanatos. A juventude brasileira, porém, está exagerando.

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